FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Enderson Moreira foi demitido. Seu trabalho foi uma grande decepção. Teve tempo, recebeu jogadores e não conseguiu dar um padrão mínimo ao time. Mesmo não tendo um grande elenco, era possível fazer mais. Seu ciclo já deveria ter sido encerrado contra o América-MG, mas o presidente decidiu pela permanência mesmo após o revés contra o Brasil de Pelotas. Após o empate contra o CRB, no Mineirão, o sexto jogo sem vitória, o técnico não resistiu. A escolha do próximo comandante precisa ser certeira, o tempo está se esgotando. A questão é: Sérgio Santos Rodrigues vem sendo bem assessorado?
O técnico não deveria ser o único a sair. O trabalho realizado pelos diretores do Cruzeiro até aqui deve ser questionado, principalmente Ricardo Drubscky. O que corre nos bastidores é que vem deixando a desejar. Alguém precisa responder pelo contrato de 1 ano e meio do Giovanni, a promoção do garoto Riquelmo que ainda era reserva no Sub-20 e recebeu oportunidades no profissional sem estar pronto, enquanto o titular da categoria (Caio Rosa) só foi reintegrado aos profissionais devido a intervenção de Rogério Micale, técnico da base. Novamente, por decisão da comissão técnica, o jogador retornou a base sem ter recebido nenhuma oportunidade. Rafael Luiz, recém-chegado do Sport, já foi para o último jogo mesmo com pouquíssimo tempo de preparação. Existe critério?
O retorno do volante Henrique também carece de explicação. Saiu no início do ano alegando precisar “mudar de ares”, era reserva no Fluminense e a última vez que o Cruzeiro venceu um jogo em que iniciou como titular foi em 31 de outubro de 2019 (0x2 contra o Botafogo). Já são 13 jogos sem vitória (6 empates e 7 derrotas). Não exerce nenhum papel relevante, não tem liderança, não é o exemplo para jovens e sequer demonstra combatividade em campo. Seu tempo já passou, assim como do seu companheiro Ariel Cabral que, inexplicavelmente, teve seu contrato estendido até o fim de 2021.
Dentro de campo, os mesmos “líderes” veteranos que assistiram uma patota tomar conta do vestiário no ano passado seguem omissos. Léo, o atual capitão, defendeu o trabalho de Enderson Moreira após mais um jogo vexatório contra o CRB. Convicção ou conivência já que segue sendo escalado mesmo atuando mal?
“O trabalho vem sendo feito, sendo bem feito, elaborado. O Enderson está chegando agora. É trabalhar e tentar evoluir como equipe no decorrer da temporada”, disse.
A sensação é que tirando um ou outro (vejo o Raúl Cáceres, que acabou de chegar, mais indignado do que vários “líderes”) não há vibração, entrega e um algo a mais. A passividade da comissão mais diretoria reflete diretamente nos atletas. Enderson não entregou desempenho nem resultado. Jogadores parecem aceitar tal mediocridade sem indignação, inclusive defendendo o que era feito. Somente o paraguaio criticou o desempenho da equipe após o confronto contra o Confiança. Parece que está tudo tranquilo na Toca e a qualquer momento a chave vira. Adversários entram de forma violenta em nossos atletas mais jovens e não há nenhuma indignação de veteranos como Léo, Fábio, Henrique, Cabral ou Moreno. Assistem passivos o que acontece.
A mesma coisa que percebia no Conselho Gestor noto na atual gestão. Na parte administrativa, Sérgio Rodrigues tenta buscar soluções. Porém, ele não entende de futebol e se cercou de profissionais no mínimo questionáveis. Deivid e Drubscky até aqui não justificam tal confiança. É preciso ter calma e conhecimento de mercado para não repetir erros cometidos como na contratação de Giovanni e dispensa de cinco jogadores com aval da comissão técnica para, dois dias depois, demitirem o treinador. O nome de Ney Franco como possível substituto sinaliza mais do mesmo e uma escolha baseada na conveniência, já que o técnico é um velho conhecido de Drubscky.
O tempo está passando e se não houver uma mudança radical no que vem sendo feito, o futuro é preocupante. Atravessando sua pior crise financeira, política e moral, o Cruzeiro precisa subir para seguir o processo de reestruturação ou será muito difícil sair do abismo. Deixando de lado os 6 pontos perdidos na FIFA, o aproveitamento é de 45%. Para conseguir uma pontuação que daria o acesso em 2019 (62 pontos do 4º colocado) o aproveitamento teria que subir para 63%, conquistando 57 pontos em 90 possíveis. Restam 30 rodadas e não podemos mais errar. Presidente, repense seu departamento de futebol e o poder de algumas lideranças.