O URUGUAIO, A COPA E AS CINCO ESTRELAS

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Gigante, assim podemos definir a partida de hoje. Nem nos meus maiores sonhos imaginava uma equipe tão segura, cirúrgica, cascuda e eficiente no Maracanã. Confesso que um empate já me deixava satisfeito, mas o Cruzeiro quis mais. O Cruzeiro impôs sua camisa pesada e justificou o apelido de “La Bestia Negra”. Calamos a torcida nativa, copamos os primeiros noventa minutos e abrimos uma vantagem importante para o jogo da volta, no dia 29/08. Arrascaeta, o maestro uruguaio, desequilibrou o jogo ao nosso favor. O contestado Thiago Neves, sem marcar há 12 jogos, viu sua estrela brilhar ao desviar um chute de Lucas Silva para o fundo das redes. Isso é Cruzeiro, amigos. Isso é Libertadores!

Contestado, Thiago Neves voltou a decidir. Precisamos de você, 30. Foto: Bruno Haddad/ Cruzeiro E.C.

Depois de superar o Flamengo em 2017, com o título da Copa do Brasil, o Cruzeiro voltou ao Maracanã para decidir sua vida na Libertadores e mostrou o nível de maturidade que essa equipe atingiu em mata-mata. Mentalmente, foi uma aula de aplicação tática. Todos os jogadores mostraram uma maturidade acima da média para controlar espaços, aproveitar a fragilidade do Flamengo nas transições ofensivas e ser cirúrgico nas chances que surgiram. Logo aos 9 minutos, Thiago Neves avançou pela direita e tocou para Robinho, dentro da área, girar o corpo e tocar para Arrascaeta  – em condição legal – marcar 1×0. O lance do gol já deixava evidente a dificuldade do Flamengo em proteger sua área e se compactar de forma eficiente. Paquetá, suspenso, consegue dar suporte a Cuéllar (bastante sobrecarregado) e atacar. Sem ele, Barbieri optou pelo garoto Jean Lucas, que não conseguiu trazer intensidade e dinâmica para sua equipe. Com mais posse de bola (60%x40%) os donos da casa tentavam explorar o jogo aéreo subindo com os laterais Rodinei e Renê. Foram 21 cruzamentos na etapa inicial, com 12 escanteios. Contudo, quem tem Dedé não precisa se preocupar. O defensor celeste teve absurdas 16 rebatidas durante o jogo. Junto com o Léo, foram uma dupla intransponível, protegendo a área como poucos. Henrique e Lucas Silva estavam sempre bem posicionados no funil, impedindo que Diego e Everton Ribeiro transitassem entre nossas linhas. Além disso, davam cobertura para Edílson e Egídio, respectivamente. Aos 19 minutos, Thiago Neves perdeu um gol incrível após cruzamento de Robinho. Os lances de maior perigo para o Flamengo foram aos 34′, com Uribe, e aos 46′, com Rodinei.

Robinho cumprimenta Arrascaeta após o gol. Foi a 10ª assistência do meia em 2018. Ele voltou. Foto: Bruno Haddad/ Cruzeiro E.C.

No segundo tempo, o Cruzeiro baixou suas linhas e esperou que o Flamengo tomasse a iniciativa, a intenção era encaixar um contra-ataque para matar o jogo. Aos 3′, Rodinei ganhou de Egídio e cruzou na cabeça de Uribe, que cabeçou para uma excelente defesa do goleiro Fábio. Aos 16′, Mano Menezes chamou o garoto Raniel e sacou o Pirata Hernán Barcos, muito importante no primeiro tempo ganhando bolas pelo alto e auxiliando Arrascaeta pela esquerda na fase defensiva. Com Raniel, a ideia era ter mais mobilidade e dinâmica nas transições. Aos 24′ o centroavante quase marcou após recuperar a bola no campo de ataque e chutar forte, ao lado da trave de Diego Alves. Com Thiago Neves e Robinho amarelados, Mano Menezes lançou Rafinha na vaga de Robinho, que correu muito para fechar o corredor direito. A princípio, muitos esperavam a saída de Thiago Neves, mas o camisa 30 seguiu em campo e foi crucial. Aos 34 minutos, Rafinha dominou uma bola difícil próximo a linha de fundo, tocou para Arrascaeta ajeitar e rolar para Lucas Silva arrematar forte, Thiago Neves desviou com o pé canhoto e matou Diego Alves. 2×0. Com o Flamengo se mandando ao ataque, o Maior de Minas ainda teve duas chances reais de transformar o placar em goleada com Raniel e Rafinha em contra-ataques puxados por Arrascaeta, mas o goleiro rubro-negro salvou.

O Cruzeiro executou ideias e movimentos sincronizados e mostrou neste jogo ser um time mais maduro e pronto que o Flamengo para esse tipo de competição. A equipe da casa cometeu erros cruciais de posicionamento e tomadas de decisão, desde o domínio até o passe. Por outro lado, vimos a magia do uruguaio Giorgian de Arrascaeta. O craque venceu 9 de 16 duelos, teve aproveitamento de 100% nos dribles (5/5), o maior do jogo e foi desarmado em apenas 3 oportunidades. É louvável perceber o grande jogador que ele se tornou dentro do Cruzeiro. Hoje, é o dono do time e o termômetro do desempenho. Obrigado por tudo, crack.

Magia. Foto: Bruno Haddad/ Cruzeiro E.C.

Precisamos de humildade e concentração para o segundo jogo, temos o exemplo do duelo contra o São Paulo pela Copa do Brasil de 2017, quando vencemos no Morumbi por 2×0 e entramos muito abaixo no jogo da volta, correndo sérios riscos de eliminação. Mano Menezes sabe disso e não deixará o time relaxar, ainda que isso aconteça de forma involuntária. O torcedor precisa fazer o Mineirão pulsar como se ainda estivesse 0x0. Em uma noite mágica de Libertadores, assombramos novamente o Continente como uma Besta enjaulada com ódio. Isso é Cruzeiro. A gente vence, vence e vence. Só.

Saudações celestes
#MeDibre

Foto de Capa: Bruno Haddad/ Cruzeiro E.C.

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