OS EFEITOS DE CADA AÇÃO

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OS EFEITOS DE CADA AÇÃO

Assim como o boêmio que procurará respostas ao motivo de sua dor de cabeça e ressaca, mesmo que, incialmente, colocando a culpa desde a azeitona da empadinha à cachaça ruim que bebeu no dia anterior, ao final do dia, de forma racional, se quiser, chegará ao veredito de que tudo que sofreu foi fruto único e exclusivo de suas escolhas.

Tudo na vida, desde uma ressaca pós bebedeira até o sorriso após um objetivo conquistado constitui fruto único exclusivo de nossas escolhas e da execução dessas.

Dormir bem depois uma derrota em clássico é quase impossível. Aquela sensação de ressaca, cabeça latejando de tanto procurar respostas e cara de poucos amigos é o cenário de grande parte dos cruzeirenses hoje.

A ressaca pós clássico hoje pelo ocorrido dentro e fora de campo, assim como tudo na vida foi fruto, única e exclusiva, de escolhas celestes pretéritas.

Agora não há como mudar o fruto de nossas escolhas, mas, apenas entende-las para que no futuro essas não tornem a acontecer.

Assim, vamos tentar “diagnosticar” o porquê de cada efeito de ressaca vivida hoje por conta do clássico de ontem:

DESDE ANTES DO JOGO

No clássico de ontem, antes mesmo do jogo começar, a diretoria celeste reclamou muito sobre o tratamento vivido nos camarotes ofertados à cúpula cruzeirense no Estádio do Horto. Praticamente cercada por brutamontes de organizadas do rival que raramente ocuparam tais lugares nos estádios a alta cúpula celeste se viu acuada e constrangida ante à flagrante possibilidade de confusão homérica.

Por quê um tratamento ofensivo desse? Teria sido de forma gratuita? A resposta pode ter origem na final do campeonato mineiro e explico-lhes o porquê: Após o encerramento da finalíssima do campeonato mineiro houve relatos de confusão entre algumas pessoas do staff celeste com o jogador Luan do rival e outros da equipe rival e da federação.

Num momento que deveria ser de comemoração e glória aos atletas, o vice-presidente de futebol celeste, Itair Machado, ao ser questionado sobre o ocorrido preferiu fazer graça. Justificou todo o ocorrido ao argumento de que tentaram barrar o acesso de sua comitiva ao gramado e que a escolha de resolução contra um ato “crubista” seria nos tribunais ou na “porrada” como naquela oportunidade.

Veja o vídeo abaixo para entender a declaração anterior:

 

Há uma máxima que diz “quem bate esquece, quem apanha não esquece não” e, ainda que “crubista” tenha sido a escolha de atitude da diretoria rival para com o tratamento à forma pela qual “receberam” a cúpula celeste nos camarotes do Estádio do América não há como dizer que esse gosto amargo surgiu do nada.

Isaac Newton já teria enunciado: Toda ação gera uma reação de igual teor e força.

Sem tirar e isentar de qualquer culpa o papelão gerado pela diretoria alvinegra ontem, muito menos a atitude e declaração ocorrida na final do mineiro pelo staff celeste, não podemos ser ingênuos de imaginar que essa reação surgiu do nada…

A ESCALAÇÃO PARA O JOGO

Desde o compreensível terceiro cartão amarelo (forçado) de Dedé no jogo contra o Sport, que o impossibilitaria de atuar no Horto, o técnico Mano Menezes já tinha dado mostras de que iria poupar atletas desgastados fisicamente no clássico de ontem visando força máxima no jogo contra o Racing, na terça, pela Copa Libertadores.

Um desfalque do time titular já seria praticamente certo (Dedé), mas, grande parte da torcida não gostaria de ver um time totalmente reserva contra o rival que vinha de eliminação na Copa do Brasil e acuado nas cordas, como um boxeador grogue esperando um golpe final que o levasse à lona.

Ainda que muitos defendam que o foco TEM que ser a Libertadores e que não haveria motivos para expor o time titular num “simples” clássico em começo de campeonato, definitivamente, não concordo com o desdém a um jogo que vale muito mais que apenas 3 pontos.

Com clássico não se brinca. Ainda que se fale que valeriam apenas 3 pontos.

Valia a moral: para o C.A. Mineiro e também para o próprio Cruzeiro.

A meu ver, o clássico de ontem era mais importante que o de terça, ou na pior da hipótese tão importante quanto. Na terça já entramos praticamente classificados e o Cruzeiro irá pegar um Racing desfalcado e na descendente. E daí se for primeiro ou segundo colocado do grupo (que era tratado como o Grupo da Morte)? Podemos ser primeiro do grupo e pegar o Boca. O Racing pode ser segundo e pegar o Libertad. E aí? Adiantaria tanto melindre na escalação dos titulares?

Em que pese ir de encontro ao pensamento de muitos, para mim, o clássico valeria muito, sim.

Se tivéssemos entrado para ganhar, poderíamos fazer 10 pontos, ficaríamos entre os líderes e seguraríamos o rival. Agora, nos lados de Vespasiano seria hora de afundá-las em crise,  demitir trainee de treinador, questionar jogadores, diretoria rival, etc. Mas não… A postura de escalar apenas o Fábio de titular, com uma equipe nitidamente escalada para empatar fez com que o Cruzeiro jogasse apenas por dois resultados possíveis, abdicando da possibilidade de vitória no rol de possibilidades. Entregamos três pontos sem colocar o exército na guerra. Não lutamos. O time rival saiu das cordas, fugiu do ‘knocking down’, são líderes e vão lotar o Estádio do América contra o Flamengo, semana que vem. Ganhando começará aquele oba-oba nojento dessa raça iludida.

Vale lembrar que os mesmos três pontos do clássico, que poderiam ser muito bem disputados e até mesmo conquistados com um time principal com poucos e pontuais substitutos reservas, são os mesmos que no final podem fazer falta.

Lembremos de 2010 quando o Cruzeiro terminou o campeonato apenas dois pontos atrás do Fluminense quando perdeu cinco pontos “bobos” para traz quando empatou contra o Vitória e perdeu para o Barueri em Ipatinga para poupar jogadores para enfrentar o São Paulo na Libertadores. Nesse jogo com menos de um minuto o Kléber Gladiador foi expulso e demos adeus da Libertadores. Não levamos nem um, nem outro. Valeu a pena?

Se terça-feira próxima o resultado for favorável – o que esperamos ansiosamente que seja – muita gente irá vir aqui dizer que essa reflexão não passou de cornetagem, que o Mano sabe o que faz, etc.

Independentemente do que pensem, na minha visão, com clássico não se brinca e abdicar de disputar com suas forças possíveis é o mesmo que colocar uma faca no pescoço de forma desnecessária. Ainda: Seria o mesmo que jogar com um volante amarelado com um juiz doido para expulsar um…

Hoje o dia será difícil de ser ultrapassado… Ainda mais quando o gosto amargo que está na boca, ainda que se vença na terça custará um pouco para passar…

Se cada ação gera uma reação, cabe a gente entender os produtos dessas escolhas e procurar promover atos diferentes para que nas próximas oportunidades sejam diferentes.

Não há como esperar resultados diferentes cometendo os mesmos erros e planejamentos passados.

Dessa “cachaça” ruim não quero beber mais não. Que saibamos escolher melhor as pingas que tomamos para não sofrermos uma ressaca ruim dessas.

Avante Cruzeiro!!

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