
“Os fins justificam os meios” é uma expressão falsamente atribuída a Nicolau Maquiavel em decorrência de sua obra O Príncipe. Essa frase não consta da obra escrita no século XVI mas interpreta-se como se assim a contivesse.
Em suma, referida expressão significa que os governantes devem estar acima da ética dominante para manter ou aumentar seu poder. Popularmente, essa frase é também usada como justificativa do emprego de expedientes desonestos ou violentos para a obtenção de determinado fim, supostamente legítimo, o que levou a associação dessa frase ao autor de forma pejorativa.
De maneira geral, esta expressão significa que não importa qual foi o caminho tomado, desde que o resultado seja vitorioso. De fato, Maquiavel nunca disse que os fins justificam os meios, mas, a regra, portanto, é a conquista e a manutenção do poder.
E qual seria a relação do pensamento de Maquiavel ao futebol praticado pela equipe cruzeirense nos dias atuais?
Em 2018, principalmente nos jogos de mata-mata, a equipe comandada por Mano Menezes tem desfilado um futebol pragmático, com objetivos bem definidos e por muitas das vezes, sacrificando atletas que vêm sendo escalados fora de posição com único objetivo de saciarem as propostas definidas pelo técnico celeste.
Se a partida demanda um resultado de empate, Mano tem escalado e posicionado sua equipe unicamente para esse fim. Os jogos contra o Atlético-PR fora e dentro de casa demonstraram que a equipe claramente jogou como as circunstâncias favoráveis sugeriam ao técnico celeste diante dos resultados que ele planejara e estudara. Os jogos não foram empolgantes – principalmente para a torcida – mas os fins planejados foram atingidos, mesmo com muito lesco-lesco dentro de campo.
Por outro lado, se as circunstâncias demandaram um time mais aberto e ofensivo – mesmo contra sua essência – Mano Menezes fez com que a equipe se portasse dessa forma. Prova de que o time, quando quer jogar pra frente rende e bem, foram o jogo de volta da final do campeonato mineiro contra o rival (onde a equipe foi pra frente e fez o resultado) bem como os jogos dentro de casa contra a La U e fora de casa contra o Vasco, em que os únicos resultados que mantinham a equipe celeste com chances de classificação eram vitória. O futebol praticado pela equipe celeste nesses jogos revelaram gols, boas tramas ofensivas e a classificação ao final. Os resultados foram bem atingidos e fizeram os torcedores reviverem a máxima de “rápido e rasteiro como o ataque do Cruzeiro”
Em 2018, valendo-se integralmente da máxima proposta pelo pensador italiano que escreveu a obra atemporal O Príncipe, para Mano Menezes o que importa é ser atingido o resultado final esperado, ainda que contrarie a essência de jogo da história celeste e grande parte de sua torcida.
Se para a atingir o fim planejado for necessário o técnico Mano Menezes tiver que escalar o nosso melhor volante roubador de bola na lateral para nos privar do futebol de Ezequiel; se for necessário jogar fechado como (*) de micróbio para garantir um zero a zero; se for necessário escalar o Robinho como meia pela direita para ser secretário de lateral que tem deficiência na parte defensiva; se for necessário ouvir disco da Xuxa na radiola tocando de trás pra frente para invocar qualquer entidade a nosso favor; se for necessário colocar a culpa na torcida para tirar o foco de péssima partida dentro de campo para blindar o elenco por mal resultados; se for necessário colocar De Arrascaeta para jogar de ponta e obrigando-o a marcar o lateral contrário; se for necessário queimar nosso melhor meia como falso “9”; pode ter certeza que o técnico Mano Menezes, que deve ter a obra O Príncipe como livro de cabeceira, ele fará – e a torcida pode esguelar, chiar, contestar, tuitar, fazer campanha e o escambau, que sua meta planejada não será alterada.
Aceitar ou não esse estilo de jogo fará parte de 6 entre 6 discussões em mesas de bar envolvendo torcedores celestes. Muitos discordam, muitos apoiam, mas, uma coisa será sempre certa e absoluta: Se levantar o caneco, ao final, TODOS os cruzeirenses irão se abraçar e comemorar os feitos da equipe comandada pelo suserano Mano… Se não der, certo, o fim poderá ser o de outro “Príncipe”: Luiz XVI… (Mas não é isso que esperamos ou desejamos, não é?)
VAMOS, VAMOS CRUZEIRO!!
Foto de capa: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.