
FOTO: VINNICIUS SILVA / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Os efeitos financeiros e práticos da gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá e sua diretoria refletem até hoje nas contas do Cruzeiro. Durante o biênio que esteve à frente do clube, o Cruzeiro gastou R$1,170 milhão com jogadores emprestados ao Ipatinga que, posteriormente, não foram aproveitados. A parceria que nunca chegou a ser oficializada – embora o trânsito entre os clubes fosse recorrente – aconteceu entre 2018 e 2019 e se mostrou extremamente lesiva ao clube da capital, chamando a atenção pelo número de atletas e pelo curto espaço de tempo em que permaneceram emprestado. No total, seis atletas defenderam o clube do Vale do Aço e nenhum permaneceu por mais do que três meses.
Nossa reportagem teve acesso aos contratos de empréstimos, alguns assinados por Wagner Pires de Sá outros por Itair Machado e também aos demonstrativos de pagamentos dos jogadores, que apontam um gasto total de R$570 mil só com remunerações do período em que defenderam o Ipatinga. O grupo de atletas recebia pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) onde os encargos eram pagos também pelo Cruzeiro. Só o gasto com os tributos supera os R$ 960 mil.
Além disso, o clube gastou R$600 mil na aquisição de 60% do atacante Laércio, contratado para reforçar a base celestes já em idade limite para a categoria (20 anos) e foi de imediato emprestado ao Ipatinga – que disputava a série B do campeonato mineiro. O atleta fez nove jogos com a camisa do Tigre.
Um caso específico que chama atenção é o de Halef “Pitbull”, contratado em 2017 e nunca aproveitado no time principal, foi emprestado ao Ipatinga no início de 2018. Após o fim do empréstimo, o jogador retornou e nunca foi relacionado pelo técnico Mano Menezes. Mesmo assim o atleta teve seu contrato renovado por Wagner Pires de Sá e Itair Machado até 2022 o que só não causou mais estranheza que a rescisão, que ocorreu no mesmo 2019. A situação toda gerou desconfiança pela proximidade da então diretoria do clube com o empresário do jogador, Anderson Nassrala. Na época da renovação, abordamos esse assunto aqui (você pode conferir clicando aqui).
Outros jogadores que também fizeram parte dessa “parceria” de empréstimo foram o goleiro Elisson, o zagueiro Gustavo Rissi, o volante Eurico e o atacante Marcelo. Hoje, Elisson e Eurico, além do já citado Haleff, não possuem mais nenhum vínculo com o Cruzeiro. O zagueiro Gustavo Rissi (22 anos) ainda pertence ao clube e foi emprestado ao Austin Bold (EUA), enquanto Marcelo (22) foi emprestado ao Paraná e Laércio (21) ao Villa Nova-MG.
O caso também chama atenção pelo passado recente do ex-vice de futebol Itair Machado. O cartola que era o presidente do Ipatinga durante o início dos anos 2000 – época em que fez parceria com o Cruzeiro durante a gestão Perrella – conseguiu sucesso ao levar o time do Vale do Aço ao título do campeonato mineiro e à série A do campeonato brasileiro. A parceria entre Raposa e Tigre na época consistia também em empréstimo massivo de jogadores, entretanto, o custeamento dos encargos do atleta era de 70% pro Cruzeiro e 30% do Ipatinga conforme apurado em reportagens da época.
Para comentar sobre essa política de empréstimos e a suposta parceria com o Ipatinga, nossa reportagem tentou contatar tanto o ex-presidente Wagner Pires de Sá quanto o ex-vice de futebol Itair Machado, mas sem sucesso até o momento. O espaço segue aberto para que os mesmo apresentem suas posições e esclarecimentos caso queiram.