
FOTO: GUSTAVO ALEIXO / CRUZEIRO E.C.
O diretor de futebol do Cruzeiro, Pedro Martins, concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (20), após a eliminação do Cruzeiro no Estadual para o América-MG, que movimentou os bastidores da Toca com a saída do técnico Paulo Pezzolano e a chegada de Pedro Miguel Marques, o “Pepa”, para o comando técnico da Raposa.
Ao longo da coletiva, Pedro Martins deixou claro que a saída de Pezzolano já vinha sendo desenhada desde o fim da Série B do ano passado, com o comandante ressaltando que já não possuía a mesma energia para se entregar ao projeto do clube, e que essa decisão foi sendo postergada a medida que um trabalho de convencimento era feito junto ao treinador. Porém, ficou evidenciado após a derrota da equipe para o Pouso Alegre, durante o Mineiro, que o fim do ciclo se aproximava:
“Quero falar sobre a saída do Paulo Pezzolano. Ontem ele fez uma coletiva explicando os motivos da saída dele. Sei que geraram algumas dúvidas de como se deu o processo. Paulo é um profissional de altíssimo nível. Tudo que ele fez representou uma evolução pra organização. (…) Durante o ano passado ele foi nos passando quais eram os objetivos profissionais, onde queria chegar, quais as metas e mais de uma vez ele deixou claro que o ciclo dele poderia se encerrar durante o ano passado. Explicamos a importância dele para o projeto e ajustar para que permanecesse mais tempo. Ao final do ano, em dezembro, ele deixou mais uma vez claro que queria sair, que não se enxergava no Cruzeiro durante a próxima temporada, e mais uma vez tivemos uma conversa e ganhar um pouco mais e tempo, pois enxergava que o Pezzolano durante a próxima temporada, de 2023, seria um profissional importante pro projeto.“
“Foram se passando as semanas, iniciamos o Campeonato Mineiro e no jogo contra o Pouso Alegre, enxergamos uma mudança. Vimos que ali se encerrava um ciclo. Diferente das outras vezes que conseguíamos enxergar o Pezzolano energizado, comprometido e focado, vimos que ali ele ele já não estava de corpo e alma no projeto. Ele continou trabalhando muito, se entregando, mas vimos que ali, de fato, a gente viu que o clube precisava contratar um novo treinador. Não fazia sentido no meio do Mineiro colocar um interino. E aí foi solicitado para o Paulo para que ficasse até o final do Mineiro. Mesmo sem estar completamente envolvido, foi muito parceiro e disse para encerrar ao fim do Mineiro.”
Pedro destacou que após a decisão de que Pezzolano não permaneceria após o duelo contra o Pouso Alegre, a diretoria utilizou o tempo que teriam até o fim da participação do Cruzeiro no Mineiro para identificar o perfil do novo comandante:
“A partir daí, aprofundamos no processo de escolha do novo treinador. O Cruzeiro nos últimos meses, sabendo da possibilidade de saída do Pezzolano, fizemos um levantamento amplo, diversos treinadores que poderiam implementar o projeto. Depois do jogo contra o Pouso Alegre a gente resolveu ir para a fase final de entrevistas. E ali a gente conseguiu identificar no Pedro Filipe, o Pepa, uma figura ideal para fazer essa transição e assumir o projeto agora pensando em Campeonato Brasileiro”, afirmou.
“Enquanto existia a possibilidade do Pezzolano ficar a gente entendendo que era um profissional de alto nível, que marcou a história do clube na Série A, a gente não ia simplesmente abrir mão. Em várias conversas que tivemos com o Pezzolano conseguimos reverter isso. A gente acreditava que nesse início de ano conseguiríamos reverter novamente, mas chegou um momento ficou claro, ele foi dizendo que não conseguia tirar mais com a equipe. Enquanto tinha possibilidade do Pezzolano ficar a gente não abriu conversas. Uma vez, depois do jogo contra o Pouso Alegre que sacramentamos essa decisão com ele, partimos ao mercado para tomar a melhor decisão possível.”
Sobre a decisão de escolher o português Pepa para o cargo de treinador do Cruzeiro:
“O Pedro é um profissional de muito potencial. Quando a gente aprofundou no processo de seleção ele deixou muito claro que o Cruzeiro seria um grande passo na sua carreira e que ele entendia o projeto no seu detalhe. Desde então, ele vem estudando muito o Cruzeiro, estudando muito o elenco, mesmo à distância. Agora, vamos receber o Pepa para iniciar uma nova fase, um novo trabalho, sabendo que é uma continuidade, um passo à frente para que a gente consiga obter o desempenho que a gente estava esperando para essa temporada. Quero reforçar a nossa gratidão ao Paulo Pezzolano, não só ao treinador, mas à pessoa, que viveu intensamente esse clube e que está na história desse clube. E também desejar boas vindas ao Pepa”, finalizou.
Antes de falar de possíveis contratações, Pedro Martins entende que o time vem rendendo pouco e que é possível retirar mais dos atletas que já estão no grupo, e que o principal diferencial do Cruzeiro estará na capacidade de tirar o máximo de quem já está dentro do grupo:
“Nós não estamos contentes com o atual desempenho da equipe. As contratações feitas, internamente, avaliamos que o time pode render muito mais. Dentro das conversas tanto com o Pezzolano quanto com o Pepa, entendemos que o time pode entregar mais. Antes de olhar pro mercado externos, precisamos olhar pra dentro e identificar o que podemos fazer melhor e como podemos potencializar cada um que chegou ao clube. Não dá pra achar que a solução está sempre fora de casa. Qualquer reforço que possa chegar, virá para trabalhar numa ideia de jogo desenhada pela Instituição. Não virão salvadores da pátria, quem vai conseguir potencializar esses jogadores que estão aqui são as pessoas aqui de dentro. Não tenho dúvidas que a partir de agora o clube vai conseguir olhar pra frente e tirar o máximo das pessoas que estão aqui, formando uma baita equipe com eles”, concluiu.
Pedro Martins também foi questionado sobre a demora em definir um novo comandante, já que era sabido sobre a não permanência de Pezzolano. O diretor voltou a destacar a boa relação com o técnico uruguaio como um dos fatores e que o diferencial do Cruzeiro é justamente sua capacidade de trabalho:
” A gente vinha construindo com o Pezzolano uma relação de muita abertura e ele sempre foi muito claro pelo sentimento com o projeto do Cruzeiro. Nossa forma de ver o jogo, de ver o dia a dia,fez com que o Cruzeiro se tornasse um clube diferente. Nosso diferencial não foi a capacidade de investimento, foi a capacidade de trabalho. O pilar fundamental é o treinador e a gente foi construindo com ele o processo. Ele vai sendo elaborado através de muitas conversas. Seria mais fácil tomar uma decisão “não fica mais e acabou”, mas foi essa a relação construída com o Pezzolano, foi uma relação foi de parceria. A intenção dele é atuar em ligas cada vez mais competitivas, mas ele nunca foi definitivo sobre isso. Chegamos num momento contra o Pouso Alegre onde vimos que encerrou o ciclo. A gente acredita que o projeto do clube vai ser diferente porque nós não queremos repetir as práticas do futebol brasileiro.”
“A gente questiona tanto que muitos clubes trocam três, quatro, cinco vezes de treinador por ano. Todo esforço que estamos fazendo aqui dentro é para ter continuidade, sustentabilidade e profundidade nas decisões. Escolher um treinador para o Cruzeiro não é como ir no mercado e escolher um produto na prateleira. Quando vimos que o Pezzolano não ia ficar, tivemos várias conversas no mercado que existiam. Estamos seguros dessa decisão (escolha do Pepa), justamente porque a gente levou o tempo necessário para tomar essa decisão.”
“O fato do Pezzolano permanecer conosco foi importante porque acreditamos na capacidade de trabalho dele. O dia a dia dele é de altíssimo nível. O alinhamento do staff dele com a estrutura do clube é ótimo. Sabíamos que mesmo com um comandante que não ia ficar, teríamos trabalho de qualidade. A gente enxerga que o Pepa, mesmo tendo algumas características diferentes, é um passo de continuidade. Não existe uma ruptura na metodologia. Existe uma continuidade e alguns ajustes estratégicos. Essa informação a gente manteve muito bem controlada dentro da diretoria e resolvemos contar aos atletas ontem, depois do jogo contra o América. A gente acredita que qualquer outro tipo de comunicação ia desviar o foco. E o nosso foco sempre foi utilizar o Mineiro como uma pré-temporada de qualidade para potencializar nosso rendimento na Série A do Brasileiro. Está mudando o líder, mas o método é parecido e acredito que em alguns aspectos, vamos conseguir fazer ajustes importantes para que a Série A seja cada vez mais sólida nessa temporada.”
Por fim, Pedro Martins voltou a lembrar que a capacidade financeira do Cruzeiro para ir ao mercado é limitada quando comparada a outras equipes e que internamente a crença é de que não existem salvadores da pátria. Martins voltou a destacar a capacidade de trabalho como diferencial dessa gestão e que, mesmo estando atentos ao mercado, primeiro a busca será por tirar o máximo de quem está dentro do clube:
“Vocês sabem que a nossa capacidade de investimento não é alta, dissemos isso várias vezes. Vocês sabem que o Cruzeiro não vai sair no mercado contratando grandes nomes, primeiro porque não temos capacidade e segundo porque não acreditamos em salvador da pátria. Nosso diferencial é a capacidade de trabalho. Precisamos trabalhar melhor que os outros, mais que os outros, e o nosso projeto, o mesmo que escolheu o Pezzolano, o Pepa, é o nosso diferencial. Nós não vamos seguir o modelo tradicional de troca de treinador, o nosso diferencial competitivo é o que se faz aqui dentro, e não o que tá lá fora. Quando a gente fala de reforço, sempre estaremos atentos ao mercado, mas antes temos que tirar o máximo de quem está aqui dentro, e hoje não estamos fazendo isso.“