O técnico Fernando Diniz falou após a vitória do Cruzeiro sobre o Juventude, em Caxias do Sul, por 1 a 0, que não foi o suficiente para classificar o clube à Libertadores, visto que o Bahia também ganhou seu jogo.
Diniz avaliou a partida de hoje como uma vitória merecida, destacando o bom desempenho da equipe. Ele reconheceu que o time passou por dificuldades no segundo tempo, mas ressaltou a existência de um pênalti evidente que não foi assinalado. Além disso, criticou a decisão de não expulsar Rodrigo Caio no confronto contra o Grêmio.
O treinador também comentou que, durante seu período no Cruzeiro, a equipe foi prejudicada pela arbitragem em algumas ocasiões, o que acabou impactando na busca pelos objetivos do clube:
“O que foi feito em termos de trabalho desde que cheguei há dois meses e meio, não tenho queixas de maneira absoluta. Trabalhamos muito, os jogadores se dedicaram ao máximo. Tivemos uma série de fatores que não permitiram que o Cruzeiro tivesse a vaga na Libertadores ou na Pré-Libertadores. Estou no Cruzeiro há dois meses e meio e foram 15 jogos, sendo que dois colocamos um time reserva pra jogar, então foram 13 partidas. Futebol brasileiro é tudo muito imediato, a gente gosta de falar de uma coisa mais séria, mas somos levados quase o tempo todo a emoções primitivas, elas não ficam do lado de fora, permeia o futebol, entra nos clubes, está presente na imprensa, que vê tudo ruim quando o resultado não vem. Os resultados não são defensáveis, mas se vocês tiverem só um pouco de capricho, posso falar jogo a jogo que os resultados poderiam ser diferentes, mas tem trabalho. Futebol é assim, vivemos essa cultura de resultados imediatos. O que é bom num dia, na outra já não é bom, vamos trocando e depois ficamos correndo atrás do rabo.”
Contudo, o que realmente chamou a atenção na coletiva foi o forte desabafo do comandante após uma pergunta da Rádio Itatiaia, onde comunicava o desligamento do técnico do Cruzeiro, ainda que o clube não tenha oficializado sua saída.
Questionado sobre a possibilidade de não permanecer no Cruzeiro, o treinador demonstrou indignação, afirmando se sentir profundamente desrespeitado por ter tomado conhecimento do assunto por meio da imprensa. Disse que em conversa com o CEO do clube, Alexandre Mattos, a única resposta obtida foi vaga, com a afirmação de que “tudo poderia acontecer”, sem uma definição clara sobre seu futuro no clube:
“Não tenho arrependimento do que faço porque sou sério e trato futebol com carinho e amor. Me sinto extremamente desrespeitado porque tô sabendo disso (demissão) pela imprensa. O Alexandre Mattos me chamou, falou que tudo pode acontecer, mas algo muito vago. Não posso admitir que uma pessoa me mande uma matéria na quinta-feira, porque estou sabendo desde quinta, a Rádio Itatiaia sabe muito mais do que vai acontecer comigo do que eu mesmo. Acho um desrespeito muito grande, mas muito grande. Me sinto extremamente desrespeitado, tive inúmeras propostas de trabalho e vim para o Cruzeiro. É um desrespeito muito grande mesmo.”
O treinador expressou sua insatisfação ao afirmar que não pode aceitar que a Rádio Itatiaia saiba mais sobre seu futuro do que ele próprio. Considerou a situação um grande desrespeito, destacando que recebeu inúmeras propostas de trabalho, mas optou por vir para o Cruzeiro. Ele também criticou a falta de transparência no tratamento do assunto, reforçando a sensação de desvalorização em meio às incertezas sobre sua permanência no clube.
“Não teve clareza nas coisas. Recebo uma mensagem de quem manda numa quinta-feira pós grêmio, aí na outra quinta-feira já estou sabendo que estou demitido na quinta que foram vocês mesmo que divulgaram. Não acompanho vocês (imprensa), mas de tanto falar com riqueza de detalhes chegou pra mim e o Alexandre (Mattos) falou numa conversa em cima do muro. Mas eu sou homem para vir aqui e terminar pois nunca deixei um trabalho na minha vida. O trabalho foi bem realizado mas teve resultados ruins. O trabalho de um técnico é pelo que o time produz, se fosse pra fazer isso comigo não devia ter me contratado.”
“Não me arrependo, fiz o certo. Vim para uma Instituição que queria vir, joguei aqui e tinha muita coisa pra fazer. Vou citar todos os jogos: Contra o Libertad era pra ganhar, contra o Vasco jogamos melhor e merecemos ganhar, Fluminense, Bahia, jogamos melhor e merecíamos ganhar. Uma partida ruim contra o Lanús na sequência, mas recuperamos e demos uma resposta na Argentina. Poupamos contra o Corinthians e Athletico, jogamos mal no primeiro tempo contra o Racing e muito melhor no segundo tempo merecendo até empatar. Depois vamos jogar a sequência do campeonato sem o Matheus Henrique, Wallace, Kaio Jorge, em alguns jogos sem o Romero, agora sem o Villalba. Aí perde e todo mundo não consegue analisar. Jogamos mal contra o Red Bull? Eles tão aí, vê pra quem perderam dentro de casa, jogamos mal contra o Grêmio? Contra o Palmeiras jogamos com um time todo quebrado, ai vê quem ganhou do Juventude aqui.”
Diniz revelou que já sabia que seria demitido, mas afirmou que essa informação chegou a ele de forma indireta, através de “conversas por cima do muro”, sem uma conversa franca e direta. Ele criticou a falta de diálogo olho no olho e destacou que, em Minas Gerais, a imprensa parece estar sempre um passo à frente, sabendo das decisões antes mesmo dos envolvidos. O treinador criticou a mediocridade de todos, inclusive da imprensa, de analisar apenas resultado:
“Me sinto muito desrespeitado, e eu respeito as pessoas. Ninguém me olhou no olho e disse que é assim, foi uma conversa de muro. Eu já sabia pois não sou tonto, quando vem esse tipo de coisa, faz quarenta anos que milito no futebol, é isso que temos que saber conviver. Aqui a imprensa sabe antes dos profissionais que estão dentro, porque a gente vive mais pra fora do que pra dentro, o que é pra dentro vale só se ganhar o próximo jogo. É muito medíocre ser isso. Luto a minha vida inteira por conta disso, não me resumo a placar final de partida. Sou muito mais do que campeão da Libertadores, sou uma pessoa. É isso que tem que fazer com os jogadores. Quando o Tevis faz um gol, vou exaltar, quando perde dois não servem mais pra jogar no Cruzeiro. E como que queremos mudança? A gente quer é sangue e audiência. Pra mim é um desrespeito muito grande. Me sinto muito desrespeitado, Não me arrependo nada de ter vindo, vim com o coração aberto pra fazer um trabalho justo e honesto. Agora me trouxeram pra que? Pra depois de dois meses ou ganha ou sai? Pra que isso aí”, desabafou o treinador.
O treinador destacou que, durante seu tempo no Cruzeiro, manteve uma boa relação com Alexandre Mattos e Pedro Lourenço. No entanto, deixou claro que estava expondo sua insatisfação por precaução, caso a notícia de sua demissão se confirmasse, já que ninguém havia comunicado nada diretamente a ele. Demonstrando grande indignação, ele relembrou que, há uma semana, recebeu a garantia da diretoria de que permaneceria no comando do clube pelo menos até o final de 2025, o que tornou a situação ainda mais frustrante e inesperada:
“O dia a dia foi ótimo, não teve nada. Estou falando isso caso se confirme (a demissão), porque até agora ninguém falou que estou demitido. Acho uma maneira espúria fazer isso com qualquer um, caso não se confirme pois espero que seja mentira, pois custo a acreditar que uma pessoa em uma semana diz que estou aqui até o fim de 2025 pelo menos, e depois de uma semana diz que estou fora. Não tem problema chegar olho no olho e falar que estou fora pelo resultado, aceitaria sem problema, mas dessa maneira não. É muita falta de convicção.”