Pepa ressalta intensidade e destaca: “frieza de não olhar só o resultado e olhar o processo”

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FOTO: MAURO HORITA / STAFF IMAGES / FLICKR / CRUZEIRO

O novo técnico do Cruzeiro estreou com o pé direito. Em seu primeiro jogo comandando a equipe, o português Pepa viu seu time sair atrás no placar, mas correr atrás do resultado e conseguir a virada. A vitória por 3 a 2 contra o Red Bull Bragantino, em Bragança Paulista, acabou sendo um pequeno respiro para o clube que vinha de uma sequência ruim de resultados contra equipes da Série A do Brasileirão.

Apesar de ser apenas um amistoso, o clima da partida foi quente e com muita disputa por ambos os lados. Com alguns desfalques e algumas estreias, Pepa acabou utilizando jogadores que já vinham sendo utilizados na condição de titulares durante a primeira etapa, mas foi com a mudança completa da equipe na segunda metade que o Cruzeiro conseguiu a vitória.

Em sua coletiva após o jogo, Pepa analisou o resultado em campo, ressaltou por diversas vezes a intensidade do futebol brasileiro, elogiou a qualidade técnica dos seus jogadores e destacou que o momento é de focar não apenas no placar e no resultado, mas em todo o processo que está sendo trabalhando.

Confira os principais pontos da coletiva de Pepa:

Sobre a partida e correções no segundo tempo

“Muitas coisas a serem analisadas. Como devem entender, o objetivo era esse. Ter um amistoso, mas como eu disse no vestiário e na palestra, não há amistosos. O ambiente foi propício pra isso. O ambiente de jogo oficial, de campeonato, com torcida… eu nunca tinha sido tão xingado no banco (risos), mas isso é bom, eu também tenho que me adaptar. Faz parte, estou chegando agora e tenho que me adaptar a isso. É paixão pelo futebol, pelo jogo. Eu disse ao Caixinha, que a intensidade é pela qualidade do jogador. O jogador brasileiro tem muita qualidade técnica, a bola raramente sai, isso dá velocidade ao jogo. E hoje, sem dúvidas, foi uma lição: quem não tiver no topo em termos físicos, não tem hipótese de jogar. É uma guerra tremenda. Cometemos alguns erros na fase de construção, algo que vai ser trabalhado. Isso foi bem visível, é normal a mudança do sistema, o conforto aparece com o tempo, com o trabalho. Mas eu arrisco a dizer que a equipe nunca se desligou. Depois do primeiro gol, até o segundo e até 30, 35 minutos a equipe teve oportunidade de gol, criou… o que sentimos dificuldades foi no rebote, na segunda bola. Na segunda parte foi quase toda nossa, acreditamos, seguimos o plano, não mudamos nada, o objetivo era ver os jogadores, todos e não nos desviamos de nada daquilo que estava planejado.”

Sequência de resultados negativos e aspecto psicológico

“Nós temos que ser equilibrados. Isso vai ser uma maratona tremenda e nós vamos ter momentos bons, momentos maus. Mas eu disse isso agora, uma das coisas muito importantes que aconteceu hoje é que até poderíamos não ter ganho o jogo, mas tínhamos que manter essa procura pelo gol, essa coesão dentro do campo, focados, ajudando uns aos outros. Mais do que a vitória, que não dá pontos, pra mim, pra nós, isso vale mais do que pontos. É o compromisso que a equipe tem que ter, sempre. E só com jogadores equilibrados dentro de campo é que é possível voltar ao jogo e fazer a remontada.”

Realidade da equipe perto do que imaginava

“A realidade é próxima. O estudo foi profundo, meu e da comissão técnica. O que me surpreendeu de positivo, e não tenho problema nenhum em dizer, foi a intensidade do jogo, pela qualidade técnica de todos. Portanto, é estarmos preparados, não só em termos mentais e físicos. E só reforça algo que temos que trabalhar muito, que é a organização da equipe em termos táticos. Para estarmos preparados para não partir o jogo.”

Conversa no vestiário 

“Nós, às vezes, temos que ter a frieza de não olhar só o resultado e olhar o processo. E o processo leva tempo. Eu não posso cobrar dos jogadores algo que não foi trabalhado. Eu vou cobrar muito do que trabalhamos. Vou exigir. É normal alguns erros. Ninguém tava nervoso, estávamos chateados, tristes, revoltados porque tivemos várias oportunidades no travessão, bola em cima da linha, mas futebol é isso mesmo, é perceber que há mais 45 minutos pela frente.”

Análise do adversário

“Uma equipe boa, competente, muito bem estrutura que é o Red Bull Bragantino. Mas eu não me canso de dizer sobre o que encontrei aqui no Cruzeiro, que é fantástico. Portanto, temos muito trabalho pela frente, uma maratona muito grande. É ilusão, a expectativa é de pensar alto, mas está aqui a amostra, é uma dificuldade tremenda. Pra mim foi tipo um ‘bem vindo’. É o desafio do treinador apanhar um contexto desse. Quem fala na Europa que os jogos no Brasil não são intensos, está enganado.”

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