
Foto: Cruzeiro Esporte Clube/Flickr Oficial
Por @Iron_fall
Na terça-feira, o Cruzeiro divulgou que os atletas do Sub-20 Michel e Vinicius Popó foram integrados ao elenco profissional e serão observados pelo treinador Mano Menezes, podendo ainda descer ao Sub-20 em eventuais situações. Falar que o clube precisa aproveitar melhor seus jovens atletas é chover no molhado, afinal de contas são esses garotos que podem render cifras milionárias lá na frente, além do retorno técnico em campo. Desde a sua volta na metade de 2016, julgo que Mano Menezes aproveita pouco a base. Nesse ponto, é bom salientar que a cobrança pela utilização também deve estar alinhada numa diretriz do clube. Vamos falar um pouco sobre isso.
Na gestão Gilvan, a meta era subir três garotos por ano e dar minutagem para eles. Vimos surgir Mayke, Lucas Silva, Alisson, Vinicius Araújo, Wallace, Judivan, Lucas Nonoca, Eurico, Bruno Viana, Allano, Fabrício Bruno, dentre outros. Com Mano Menezes no comando e analisando a partir de 2017, ano que ele começou desde o início, apenas Raniel e Murilo realmente conseguiram se firmar no elenco profissional. O meia Alex Apolinário, promovido em 2016 pelo técnico Paulo Bento, atuou 5 vezes e foi emprestado, o zagueiro Arthur disputou 4 jogos, o volante Lucas Nonoca entrou em campo 9 vezes e foi emprestado no ano seguinte e o atacante Jonata atuou em 5 oportunidades durante o Brasileiro de 2017 e não teve seu passe adquirido.

Murilo foi campeão da Copa do Brasil em 2017 como titular e soma 57 jogos. Já Raniel se consolidou a partir de 2018 e soma 84 jogos, com 16 gols marcados. Foto: Cruzeiro/Flickr Oficial.
O Cruzeiro foi campeão Brasileiro Sub-20 e da Supercopa do Brasil no fim de 2017. Deste elenco campeão, poucos foram aproveitados em 2018. Do time titular, apenas Vitor Eudes e Cacá seguem no elenco profissional. O primeiro ainda não jogou profissionalmente e o segundo soma 180 minutos (entrou em duas partidas do Brasileiro 2018). Lucas Soares deixou o clube em novembro, após não renovação de contrato, assim como o volante Vander. Eduardo e Nickson retonaram a Criciúma e Vitória, respectivamente. Thonny Anderson foi negociado com o Grêmio por 500 mil reais. Gustavo Rissi ficou mais um ano na base, chegou a treinar e ser relacionado no profissional no fim de 2018, mas não atuou e atualmente treina em separado.
Durante a temporada de 2018, nenhum jogador da base conseguiu fazer a diferença no elenco profissional. Vitinho, tido como grande promessa, atuou apenas por 22 minutos em um clássico pelo Brasileirão e logo na sequência foi vendido por 10 milhões de reais. Alejandro, jovem atacante de 17 anos, entrou por 4 minutos contra o Bahia na última rodada do Brasileiro. O atacante Laércio, adquirido por 600 mil reais junto ao Salgueiro, disputou 2 partidas pelo profissional, somando 8 minutos, e foi repassado ao Ipatinga. O atacante Marcelo foi promovido e recebeu 4 oportunidades, somando 59 minutos, não agradou e chegou a ser vaiado. Hoje treina em separado. O lateral esquerdo Rafael Santos teve uma oportunidade e jogou por 14 minutos contra o Vasco, enquanto Victor Luiz foi promovido no início da temporada e repassado ao Londrina, sem receber oportunidades. Ao todo, os promovidos em 2018 atuaram por 287 minutos durante a temporada.
Popó e Michel vão se juntar a Vitor Eudes, Rafael Santos e Cacá, promovidos no ano passado. O goleiro Gabriel Brazão acabou de ser vendido ao Parma, da Itália, por 11 milhões de reais. É necessário que haja uma melhor política de utilização das categorias de base para que o clube possa manter suas contas estáveis e garantir um elenco rejuvenescido. Não culpo apenas o técnico Mano Menezes pela pouca oportunidade aos garotos, acho que isso também é tarefa da diretoria, que deve traçar um planejamento e estipular uma quantidade de jogos mínima. Vejo o Mineiro como uma oportunidade e tanto para testar os garotos e, infelizmente, nunca é utilizado para tal.
Também é preciso utilizar melhor os atletas não aproveitados como fonte de dinheiro. Não podem apenas liberar ou rescindir, o empréstimo aliado ao passe fixado pode garantir valores interessantes ao clube. Por exemplo, no fim de 2016 o atacante Rony foi vendido por R$ 4 milhões ao Albirex Niigata, do Japão, após boa Série B pelo Náutico. Allano, bastante contestado pela torcida, foi vendido por € 300 mil ao Estoril, de Portugal. Muitas vezes o atleta não consegue se firmar numa equipe gigante como o Cruzeiro, mas pode se tornar extremamente comercial em outros polos futebolísticos. Vejo essa possibilidade em atletas encostados do plantel como Nonoca, Marcelo, Laércio e Gustavo Rissi.
A torcida também precisa ser mais paciente com quem está subindo. O jovem vai errar, vai oscilar e nem sempre surgirão jogadores fora de série, isso é um ponto fora da curva. O clube deve formar jogadores extra classe? Sem dúvida, mas não é fácil encontrar. De qualquer forma, a política de base do Cruzeiro há muito tempo precisa ser melhorada e devemos começar a pensar nisso agora. Temos uma boa geração que precisa de espaço e torcemos para que o melhor aconteça para esses meninos.
#MeDibre