
FOTO: IGOR SALES / REPRODUÇÃO / CRUZEIRO E.C.
Você, caro leitor, que ao abrir esse texto enxerga Marquinhos Gabriel na capa (peço perdão por isso), saiba que não é por acaso. Ele representa a total falta de produtividade de um sistema ofensivo onde meias e atacantes não marcam gols. Pra conquistar vitórias é preciso marcar mais e ceder menos bolas na rede, algo óbvio. Não pro time do Cruzeiro. A título de curiosidade, nosso próximo adversário (Flamengo) tem um jogador que sozinho marcou a mesma quantidade de gols que nosso time: Gabigol, com 16 tentos anotados. Mais: Sabem aquele uruguaio ingrato? Sozinho marcou 8 vezes, metade do nosso rendimento. Isso resume bem o momento antagônico dos dois times.
Nossas quatro vitórias são espaçadas durante o campeonato. Duas em maio, nenhuma entre junho e julho, uma em agosto e uma em setembro (faltam 3 jogos). Os responsáveis por colocar a bola na casinha são dois veteranos que já passaram do auge e, até por isso, oscilam entre uma partida boa e dezenas ruins. Thiago Neves com 4 gols em 15 jogos e Fred com 3 gols em 15 (lembrando que viveu um jejum que durou 16 pelejas) são responsáveis por 43% dos tentos anotados pela equipe que nos garantiram 8 pontos. Com média de 0,84 gols marcados e 1,5 sofridos, precisamos equilibrar essa balança para somar pontos, pois estamos na 12ª colocação em termos de passes para finalização (141, média de 7,4 por jogo), mostrando que poderíamos estar melhor colocados na tabela se conseguíssemos concluir essas jogadas em gol. E aí vai um dado preocupante pra sequência do campeonato: tirando os dois acima, estamos a pé de produtividade ofensiva.
Tempo de jejum dos titulares e gols anotados no ano:
Thiago Neves: 5 jogos (7 gols em 28 jogos)
Pedro Rocha: 5 jogos (4 gols em 25 jogos)
Fred: 1 jogo (19 gols em 39 jogos)
Marquinhos Gabriel: 22 jogos (4 gols em 37 jogos)
David: 27 jogos (3 gols em 32 jogos)
Sim, você não está lendo errado. Dois titulares da equipe não marcam há 49 partidas se somarmos o tempo de jejum de ambos. David não marca desde o confronto contra a Caldense, 20/03, e Marquinhos Gabriel desde a primeira final do Mineiro, 14/04. É surreal imaginar que jogadores de frente passem tanto tempo em branco, mas acontece e interfere diretamente na nossa campanha. Robinho marcou apenas uma vez, porém é o 4º do Brasileiro e 1º do time com mais passes para finalização (31). Abaixo dele aparecem Thiago Neves e David, com 15, além de 2 assistências para gol. Apenas 46º e 47º, respectivamente. Contudo, Marquinhos Gabriel consegue se sobressair negativamente. Além de nenhum gol marcado e nenhuma assistência, contribuiu com apenas 6 passes pra finalização em 13 jogos. Esse dado fica ainda mais alarmante porque não temos volantes com capacidade criativa ou que pisam na área para marcar gols, o que nos deixa ainda mais dependentes dos meias e atacantes. A máxima “não é possível esperar resultados diferentes fazendo as mesmas coisas” nunca fez tanto sentido. Ceni precisa mudar.

E aí, Sassá, bora tirar essa zica? Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
Olhando pro elenco vemos por exemplo um bom finalizador no banco: Sassá. Se estiver focado, pode se tornar uma arma útil recebendo uma sequência. Além de ter um aproveitamento histórico de 45,1% nos arremates, costuma ir à rede uma vez a cada 3 jogos. No Brasileiro, sua média de finalizações certas (66,7%) é a maior do elenco, justificada também pelos poucos minutos jogados, mas sinaliza boa pontaria. Além disso, marcou duas vezes, sendo o terceiro no ranking. Utilizar outros jogadores pelos lados do campo também surge como possibilidade, como o recém chegado Ezequiel. É claro que o fato dele não ter marcado nenhuma vez na Série B em 16 jogos não o credencia para ser solução, porém contribuiu com 4 passes pra gol e 22 pra finalização durante sua passagem pelo Sport. Números superiores aos dos atuais pontas titulares. Pode não marcar, mas servir companheiros que possuem essa qualidade já seria uma ótima alternativa.
O fato é que todos os jogadores de frente estão devendo e precisamos corrigir esse cenário se quisermos somar pontos para fugir da ameaça real de rebaixamento. Ceni tem opções que não são as melhores mas terá de ser arrojado se quiser tirar o time dessa situação. Jovens como Ezequiel, Welinton, Maurício, Sassá e até mesmo o retorno de Rodriguinho são uma fagulha de esperança pra voltar a fazer nosso sistema ofensivo funcionar, não por acaso chegamos a ficar 8 jogos sem balançar as redes. Com os titulares atuais, nossa campanha foi a pior da história no primeiro turno, que no segundo novos personagens apareçam pra mudar esse roteiro tão dramático que o cruzeirense já cansou de acompanhar.
#MeDibre