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Cruzeiro

Proposta da 777 Partners pela SAF previa avaliação da parte imobiliária do clube

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FOTO: DIVULGAÇÃO / CRUZEIRO

Perto de assinar acordo com Ronaldo, os bastidores do Cruzeiro seguem agitados em relação aos termos contratuais apresentados inicialmente e, agora, com o surgimento da proposta da 777 Partners que também se interessou em adquirir percentuais da SAF para se tornar sócia majoritária do Cruzeiro antes mesmo de pensar em investir no Vasco, com quem acabou fechando por R$700 milhões.

Os detalhes da proposta feita pelo grupo norte-americano foram apresentados inicialmente pelo jornalista Rodrigo Capelo, do ge.globo, e a reportagem do Deus Me Dibre teve acesso à proposta feita pela 777. Nela, é possível visualizar a intenção de adquirir 70% das ações da SAF pelo valor de R$250 milhões destinados a contratações e pagamento de dívidas imediatas.

Em outra parte da proposta, onde é tratado sobre as condições no negócio, é possível visualizar que o processo de diligência – a empresa realiza todo o estudo e avalia se as condições do clube estavam de acordo com o que foi apresentado – tratava da validação e da “conclusão satisfatória” das informações financeiras e operacionais, imobiliárias e ativos fixos. Dessa forma, fica claro que a 777 Partners usou em seu critério de avaliação os imóveis do clube (como centros de treinamento, sedes sociais, entre outros) para precificar o negócio.

A situação se assemelha ao proposto recentemente pela equipe de Ronaldo, que busca em uma alteração contratual colocar os centros de treinamento (Toca da Raposa I e II) como patrimônios da SAF. A ideia apresentada por Ronaldo é garantir que o patrimônio não se perca pela falta de pagamento de dívidas, como no caso da Toca I colocada como condicionante para o pagamento da dívida tributária e regularizar a situação da Toca II.

Ainda sobre valores ofertados, chama a atenção um aporte para dívidas no valor de R$200 milhões com o objetivo de pagar o máximo do passível clube com o deságio de 80%. Nossa reportagem entrou em contato com o advogado e especialista, membro da Comissão em Direito Societário da OAB-MG, Franchesco Palhares, para entender melhor a parte do texto que aborda esse assunto. 

De acordo com Franchesco, dentro da parte contratual que acabou vazando, o texto gera dúvidas sobre a real intenção da 777 Partners por falta de informações:

“Com base naquilo que foi apresentado, nesse recorte da minuta, condicionam um equity que cubra toda a dívida do Cruzeiro. Essa cláusula, em relação à dívida, tem uma redação muito confusa. Sem o inteiro teor é impossível cravar ou afirmar o que de fato será feito. A princípio, uma primeira análise desta cláusula diz que em relação à dívida, a 777 iria gastar 200 milhões de reais para pagar o máximo de passivo possível do Cruzeiro com o deságio mínimo de 80%, por meio da SAF que direcionaria 20% da receita para pagar as obrigações da associação, como está previsto na legislação. Mas, como seria feito esse deságio? Ficou esquisito essa proposta da 777 neste sentido.”

Em sua coluna no portal Superesportes, o jornalista Jorge Nicola traz a informação de que as conversas com a 777 Partners não foram adiante porque “a dívida do Cruzeiro nunca chegaria ao patamar de R$200 milhões” – aspas de um dos envolvidos no negócio, não identificado na matéria.

Nossa reportagem buscou contato com a XP Investimentos, que disse que se pronunciará apenas no dia 31 de março, na reunião que será realizada entre conselheiros do Cruzeiro junto à equipe de transição do Ronaldo para esclarecer dúvidas e debater sobre o contrato a ser assinado entre as partes. A reunião será transmitida aos torcedores interessados pelo canal oficial do clube no Youtube.

Ao ge.globo, a Matix Capital, representante da 777 Partners no Brasil, confirmou que enviou proposta pela SAF do Cruzeiro, mas não quis se pronunciar sobre detalhes. Nossa reportagem não conseguiu o contato com representantes da empresa norte-americana.