QUEM É MAIS CRUZEIRENSE?

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Que quarta-feira bela e moral para a maior torcida de MG: pela Copa do Brasil, uma grande vitória de virada do Time do Povo contra o Atlético (não o Mineiro), fora de casa, com direito à gol no último minuto e que com as bençãos dos deuses do futebol veio logo depois de uma deliciosa eliminação do rival de Vespasiano, que parece ter voltado a ser aquele rival pré-Ronaldinho, aquele que estamos acostumados. Mas não vou falar disso, porque além de um belo pós-jogo escrito pelo Iron aqui no DmD, o que mais tem por aí são análises e comentários sobre este primeiro passo rumo ao hexa.

Vou aproveitar o bom-humor da imensa nação cruzeirense para falar sobre a nossa torcida. Principalmente nestes tempos de internet e rede social, onde passamos a ganhar mais voz e mais influencia, tanto sobre decisões no clube quanto sobre outros torcedores. E como tudo na vida, isso tem seus prós e contras.

Uma coisa que tenho observado na torcida do Cruzeiro de uns anos para cá é uma divisão em duas alas. Vamos chamar uma destas alas de ”chapa branca”. Tudo está sempre bom. Não deu nesta, mas na próxima vai. Sempre a diretoria, o treinador ou o jogador fizeram o melhor, e senão funcionou, são coisas do futebol. Cobrar ou falar mal em rede social? Jamais, isso é coisa de …… (apelido pejorativo para o rival que não tem espaço no DmD). Alguma notícia questionando o clube saiu? É conspiração da mídia parcial e tendenciosa querendo plantar crise, se é ou não verdade nem é discutido.

A outra ala leva o carinhoso rótulo de ”cornetas”, aqueles que ”jogam contra” o Cruzeiro (é a propaganda feita pela ala anterior) e para estes, nada está bom. Estes cobram diretoria, desde responsabilidade financeira até uma contratação. Treinador vacilou? Batem pesado. Jogador não tá rendendo? Não importa quem seja, o chicote vai cantar. Ganhou o jogo? Poderia ter ganho de mais senão fosse a escalação errada. Cadê as chances para aquele jogador da base? Enfim, pegaram o ponto.

O assunto é interessante pois vez e outra vejo (e participo) desta discussão no Twitter. Qual destes torcedores é melhor para o clube? Qual destas duas alas é mais cruzeirense? A resposta parece clichê, mas é a mais pura realidade: todos são importantes, ninguém é mais cruzeirense do que ninguém. Todos querem ver o Cruzeiro campeão e no topo. E por incrível que pareça, tem formas diferentes de demonstrar o amor ao clube. Sério, pode acreditar.

Todos temos algo em comum: amor ao Azul e Branco e às 5 Estrelas

Você tem aquele torcedor que é sócio-torcedor há anos e não perde um jogo no Mineirão. E tem aquele que raramente vai no estádio. Só que este segundo, junta no sacrifício trocados a cada salário para poder comprar uma única camisa oficial por ano. Deixa de sair com a namorada ou esposa para ver o jogo pela TV. Como medir o amor às 5 estrelas neste caso? Simplesmente não dá.

O mesmo se dá com essa divisão criada nas redes sociais. Cada um tem seu jeito de torcer e de demonstrar amor/preocupação. O time perde ou é eliminado? Uns cobram (com ou sem razão), outros levantam hashtag de apoio e batem nas críticas da imprensa. Mas se o time é campeão, todos estarão na Praça 7, Savassi ou em carreatas pelo interior fazendo buzinasso e comemorando como se fossem um só.

É um erro achar que uma ala quer o bem do Cruzeiro e que a outra quer o mal só para poder ter assunto ou ter razão nas críticas já feitas. É um erro (e uma arrogância tremenda) se achar mais cruzeirense que outro. Todos queremos ser campeões. Todos queremos sair com a camisa do Cruzeiro no dia seguinte e tirar onda com o rival, tendo mais uma taça para contar vantagem.

Apoiar faz bem. Lembra em 2013, quando se popularizou o #FechadoComOCruzeiro? Perdemos o estadual aquele ano, mas torcida e time se fecharam e o resto é história. Lembra em 2016, quando o time estava afundado no Z4? A torcida lotava o estádio e embalava os gritos de ZEEEEEE ROOOOOO quase o jogo inteiro e ficou faltando pouco para chegarmos na Libertadores? Foi quase.

Cobrar faz bem. Lembra do quando foi cobrado pelos ”cornetas” pro treinador escalar um centroavante de ofício, de sacar o Ariel Cabral ou de tirar Robinho da ponta? O time embalou. Lembra na década de 90/início de 2000, quando a torcida era uma das mais chatas do futebol brasileiro? A galeria de troféus se tornou uma das maiores do Brasil.

Torcer faz bem. Seja de que forma for. No final das contas, é dentro de campo que se decide, é 11 contra 11, nós apenas torcemos pelo melhor. Uns funcionaram na base das vaias (alô Thiago Neves), outros precisam de sentir o apoio quando erram aquele passe, senão somem do jogo. Tem treinador que a torcida precisa protestar para ele rever alguns conceitos.

O Cruzeiro precisa de todos os tipos de cruzeirenses. Então pra quê discutir? Pra quê julgar? Não compensa criar inimizade ou comprar briga por causa de futebol (conselho de quem é torcedor há 25 anos). Você gosta do técnico ou diretoria e o outro não? Faz parte, cada um segue sua vida. Futebol é entretenimento. Como disse Arrigo Sachi, técnico da seleção italiana em 94: ”Futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes”.

Seja qual for a ala da torcida que você se encaixa, tenha em mente que todos temos um ponto em comum: SOMOS LOUCOS, SOMOS CRUZEIRO. O que muda é a forma desta loucura se manifestar. E todas são igualmente importantes.

#VamoQueVamo

FOTOS: twitter oficial do Cruzeiro

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