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Cruzeiro

Ricardo Rocha defende “trabalhar mais e falar menos” como mantra, quer o uso da base e diz que terá mais autonomia

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FOTO: GUSTAVO ALEIXO / FLICKR / CRUZEIRO E.C.

Em sua primeira entrevista coletiva, o ex-jogador Ricardo Rocha, campeão do mundo com a Seleção Brasileira e agora gerente de futebol do Cruzeiro, deixou claro que chega confiante para fazer um bom trabalho no clube, reforçando a ideia de que a situação só irá melhorar com muito trabalho, defendendo o uso das categorias de base e revelando que terá mais autonomia para trabalhar em Belo Horizonte.

Para Ricardo, não existe segredo no futebol. É fazer o simples e buscar as vitórias, para que as coisas se resolvam aos poucos. Agora gerente, Ricardo enaltece a importância do elenco e dos jogadores trabalharem focados e comprometidos.

“Quero tentar ajudar. O problema do futebol é as pessoas fazerem sempre diferente. Acho que futebol é muito simples. Quem ganha jogo é o jogador. O treinador é importante, o Vanderlei (Luxemburgo) é um cara importante, mas se os caras não quiserem, a bola não entra, as coisas não funcionam.”

Ricardo também citou suas primeiras impressões do clube, que vive um grave momento de crise, buscando recursos para colocar os salários de atletas e funcionários em dia, além de amargar a Série B por dois anos consecutivos. Mas defendeu um discurso otimista e citou o papel de confiança que o técnico Vanderlei Luxemburgo vem passando durante esse processo.

“Eu senti um grupo um pouco abatido. Por tudo que se passa no Cruzeiro. Eu cheguei ontem. O que eu sinto nos jogadores é a confiança que eles tem no trabalho do Vanderlei (Luxemburgo). Eu também vim pelo Vanderlei, mas também vim pelo que é o Cruzeiro. O que a gente tem que fazer é o seguinte: falar pouco e trabalhar muito. Eu venho aqui pra ajudar o Cruzeiro, eu quero fazer muito se eu puder ajudar. O Cruzeiro é muito grande. Os jogadores precisam entender. Todos tem que entender a força que é o Cruzeiro.”

Citando casos de Flamengo, Palmeiras e Fluminense, Ricardo Rocha defendeu o uso da base como a salvação do futebol brasileiro, de forma geral. Disse que terá a liberdade para acompanhar os trabalhos da categoria de base e identificar possíveis promessas. 

“O Cruzeiro sempre revelou grandes jogadores pro Brasil e para o mundo. É muito difícil revelar jogadores hoje no Cruzeiro por tudo que atravessa. Vanderlei gosta de lançar garotos. Um dos trabalhos que eu vou ter é ver alguns jogos da base, analisar. Mesmo quando eu trabalhava como repórter, eu falava ‘a salvação do futebol brasileiro está na base’.”

“Se o Cruzeiro tem a condição de revelar e vender bem, porque o Cruzeiro tem potencial. Agora, é muito fácil como fizeram agora, venderam jogadores por bagatela, o Cruzeiro numa crise financeira. Isso é sangrar o clube. Se você puder vender bem, você vai vender bem. Se você tiver numa primeira divisão, você vai vender muito melhor. Adoro e amo a base e pode ter certeza que com o treinador que se tem, esse garoto respondendo, Vanderlei vai aproveitar.”

Questionado sobre seus trabalhos anteriores, tanto no Criciúma, quanto no São Paulo, Ricardo também deixou claro que chega para uma nova função no Cruzeiro, mais preparado e estudado, com uma autonomia que ainda não tinha tido em outros clubes.

“Primeiro você precisa de ter autonomia. Quando eu fui para o Criciúma, eu fui para ser diretor do presidente. Buscar recursos, ajudar o clube, CBF. Aqui eu venho com uma liberdade maior, mesmo em relação ao São Paulo. Participar das reuniões, de ideia de jogadores, esse elo entre jogadores, diretoria e Vanderlei. A diferença do futebol brasileiro, hoje, é essa diferença que trouxeram. Futebol é simples. Futebol é olho no olho. Eu concordo com a modernidade, ela tem que ter as duas coisas, mas não demais, não exagerada.”

“Eu poderia estar trabalhando em outro clube, mas eu não quis. Desde que eu sai do São Paulo, fiz curso de gestão na CBF, me preparei. A bagagem que eu tenho, mas é bom você se atualizar. Essa diferença que se fala, eu não gosto. Futebol é simples. Não pode se ter tanta diferença. Tem que respeitar as hierarquias no clube e passar o que é de melhor seu. Eu não quero ser diferente de nada.”

Sobre os problemas que assolam o clube, entre eles a recorrência dos salários atrasados – que começaram a ser acertados nesta segunda semana de agosto, uma imposição do técnico Vanderlei Luxemburgo para assinar com o Cruzeiro – Ricardo defendeu o elenco e ressaltou a importância de ter os compromissos em dia, até para que a cobrança possa ser feita.

“Se você me perguntar, o Cruzeiro tem uma dívida na FIFA que precisa ser paga, ou com esse dinheiro você pagar até o final do ano aos jogadores que nós temos, eu prefiro que pague os jogadores. Não adianta pagar a FIFA, não ter dinheiro pra terminar o ano e não pagar os jogadores e contratar jogadores que você não vai pagar. Você tem que passar confiança pra quem está aqui. Eu prefiro que a gente pague aos nossos jogadores. Eu confio nesse elenco. Eu vim sabendo que a gente não podia contratar, se hoje eu tenho dinheiro pra liberar contratação ou pagar esses atletas, eu quero que pague esses jogadores, comissão técnica e todos que trabalham no Cruzeiro.”

O próximo confronto do Cruzeiro será contra o Vitória, na próxima quarta-feira (11), às 19 horas, no Independência. O time busca a segunda vitória seguida com Vanderlei Luxemburgo no comando do time.