FOTO: BRUNO HADDAD / CRUZEIRO E.C.
Ricardo Rocha chegou ao Cruzeiro através de convite feito por Vanderlei Luxemburgo. Campeão do mundo e com um currículo marcante como jogador de futebol, aceitou o desafio de ser diretor técnico do Cruzeiro num momento de extrema dificuldade vivida pelo clube. Em entrevista à Rádio 98FM, falou sobre o objetivo de manter o grupo mobilizado em busca do acesso, mesmo que ainda seja difícil (o clube precisa ganhar pelo menos 11 dos próximos 13 jogos).
O diretor também destacou a coragem do técnico Luxemburgo para lançar garotos da base e não descartou futuras novidades ainda nessa temporada com outros jovens recebendo a chance de entrar em campo. Ricardo explicou que os planos em caso de não classificação para Série A passa pelo aproveitamento da base aliado a contratações pontuais.
Acredito muito na base do Cruzeiro. Se o clube não classificar (pra Série A) tem bons jogadores para colocar ano que vem. Talvez precise de três ou quatro contratações, manter uma base formada desse ano e chega muito mais forte. Só nós não pudemos contratar, os outros treinadores puderam. Não tinha dinheiro, mas em algum momento podiam, a gente não. Graças a Deus estamos recuperando jogadores com uma mentalidade vencedora e estamos colocando isso na base também. A base do Cruzeiro não é boba, é boa. Digo isso para o torcedor, não fiquem falando em contratações. Se ficar aqui, vou falar com o Vanderlei, o próprio diretor, calmem em contratação, olhem a base, o futuro do Cruzeiro está na base.
Durante a entrevista, Ricardo Rocha também foi questionado sobre a forma como o Cruzeiro demorou a lapidar e lançar os garotos que subiram durante o ano passado e também nessa temporada. Casos como do zagueiro Weverton, que fez bom Campeonato Mineiro, oscilou e retornou ao Sub-20. Outros como Thiago, Marco Antônio e Paulo chegaram a figurar fora dos planos. O diretor concordou que o clube perdeu tempo e destacou que o objetivo dele e da comissão técnica é fazer com que esses jovens não percam o “timing” e sejam úteis à Raposa.
A gente está de olho nessa garotada. Não podemos perder esse timing. Uma coisa que me surpreendeu muito foi a negativa em relação a esses garotos dentro do Cruzeiro. Quando eu falava dos jogadores, ninguém prestava. Isso me chateou, porque via a base jogando e via bons jogadores. E a resposta era sempre que não estavam preparados e muito mal. Claro que não estão (prontos), não trabalham a cabeça, não dão moral pra eles, só falando mal… Tem muita coisa pra mudar, não estou satisfeito. Tenho que cuidar do profissional, mas tenho um olho na base e quero que isso melhore. Se ficar ano que vem, tem que melhorar sim. O futuro do Cruzeiro está na base.
Rocha destacou a importância do clube voltar a fazer boas vendas e criticou os valores que estavam sendo aplicados em negociações envolvendo ativos da Toca I.
O Cruzeiro precisa voltar a vender bem. Não pode chegar aqui e levar por qualquer valor, isso não é feira. Estou feliz, mas tem muita coisa pra ser conversada. Quero ficar pra organizar o clube, tenho muito conhecimento e eles (diretoria) sabem disso. Posso ajudar o Cruzeiro, mas o clube também tem que ajudar as pessoas aqui dentro, o Vanderlei principalmente.
Por fim, Rocha foi questionado sobre a falta de um planejamento concreto dentro do clube para o retorno à Série A, visto que Vanderlei Luxemburgo é o sexto comandante em pouco mais de um ano e meio desde o rebaixamento. O diretor concordou sobre os erros cometidos e entende que se a comissão técnica tivesse chegado um pouco antes, as coisas poderiam ser diferentes, pediu a permanência de Luxemburgo e o estabelecimento de metas para o ano que vem.
Se não der esse ano (subir), o grande nome para ficar é ele (Luxemburgo). Por tudo que ele está construindo aqui, não adianta ser mais um. O Cruzeiro precisa ter metas o ano que vem. Tem uma Copa do Brasil, uma Primeira Divisão, se Deus quiser, ou na segunda, mas precisa colocar as prioridades. Dentro das dificuldades, é voltar à primeira divisão. Precisa se conversar e traçar os objetivos. Equipes grandes não podem ficar muito tempo na Série B. Digo uma coisa pra você, a base vai salvar. Esse ano está ajudando, e ano que vem mais. Ficando aqui, já tenho uma ideia e vou passar pro Vanderlei. Tento levar menos problemas pra ele, que gosta de saber de tudo. Algumas coisas a gente leva no dia a dia, mas acabando tudo isso, na primeira ou segunda, tem que jogar uma bomba e dizer o objetivo. Seis treinadores em dois anos é muito.