Depois da derrota contra o Flamengo nesta quinta-feira, no Mineirão, Ronaldo Fenômeno, gestor da SAF do Cruzeiro, resolveu falar com a imprensa na área de entrevistas do estádio. No seu discurso, o dirigente enfatizou a importância da coesão e, sobretudo, fez duras cobranças a torcida do Cruzeiro, pedindo mais apoio e união para evitar a queda do clube para a Série B do Campeonato Brasileiro:
“Temos que sair dessa situação, nos unir cada vez mais. Entendo a insatisfação da torcida, mas não entendo a revolta, hostilidade e violência que o torcedor tem reagido a essa situação. Acho que todos nós sabíamos da dificuldade que enfrentaríamos na Série A, talvez se não tivesse a dívida bilionária que nós estamos tendo que pagar, o orçamento seria mais competitivo e teríamos outra equipe. Agora mesmo é o que temos, nos unir e fazer um chamamento à torcida que da maneira que está se comportando não nos ajuda em nada. Aquela conexão entre torcida e time que tínhamos no ano passado, não tivemos em nenhum momento esse ano.”
O dirigente entende que a expectativa exagerada pelo bom inicio do campeonato acabou frustrando torcida e parte da imprensa, e destacou bastante que o apoio do torcedor é fundamental para que o Cruzeiro não retorne à Segunda Divisão. Ronaldo lamentou que o Mineirão esteja sendo, atualmente, um “peso” para os jogadores. O ex-jogador entende que sua gestão ainda possui crédito pelo que foi feito no ano passado e pede apoio ao torcedor:
“Talvez uma expectativa muito grande por parte de torcida e imprensa. Tivemos um bom começo de campeonato mas sempre tivemos os pés no chão sabendo que iriamos oscilar durante o campeonato. Só sairemos dessa situação unidos, acreditando no projeto que planejamos e com o apoio da torcida. Sem o apoio da torcida, dificilmente vamos permanecer na Série A. O Mineirão que sempre foi uma fortaleza, tem sido um peso muito grande para os jogadores. Posso entender que o torcedor me xingue por ter uma parte que não confia no trabalho. Crédito nós temos pelo que fizemos no passado recente e o que posso pedir ao torcedor é que apoie o time. Que não faça isso por mim, mas pela história do clube. Precisamos do torcedor ao lado dos jogadores. Ao invés de vaiar durante o primeiro tempo, incentivar o jogador para que ele continue tentando.”
“O torcedor foi acostumado a vitória e títulos, mas o momento é diferente. Sinceramente somente o grupo de jogadores, diretoria não seremos suficientemente fortes para conseguir o objetivo. Precisamos da nossa torcida nos apoiando e no final do campeonato vamos rever e discutir essa relação. O que posso insistir, mais uma vez, é que sem o apoio da nossa torcida isso vai ficar muito difícil.”
“Prefiro ver o copo cheio”
Questionado sobre o risco iminente de rebaixamento, já que agora o Cruzeiro se encontra com 31 pontos, em 15º, apenas um ponto a frente de Santos e Goiás, 17º e 18º, respectivamente, o Fenômeno preferiu enxergar o copo “meio cheio”, afirmando que, apesar da proximidade com o Z-4, o time está apenas dois pontos da Sul-Americana, principal objetivo visado pela sua diretoria no ano:
“Acho que a gente pode ver o copo meio vazio e meio cheio. Estamos a um ponto do rebaixamento e a dois da Sul-Americana. Prefiro ver o copo meio cheio, perto do nosso objetivo. Logicamente cria-se uma desconfiança pelo momento delicado que estamos vivendo, mas volto a repetir, temos confiança no trabalho, acreditamos que podemos alcançar o nosso objetivo, mas sem a torcida, sem o seu apoio, as coisas vão ficar mais difíceis.”
Crítica à imprensa
Ronaldo, durante sua fala, também fez críticas à imprensa, citando que parte dos jornalistas age muitas vezes como torcedor e, quando o resultado é negativo, incitam a violência da torcida contra a equipe. O dirigente voltou a pedir apoio da torcida e lembrou da situação financeira delicada que encontrou o clube.
“Entendo que o mundo de hoje mudou, o jornalismo esportivo mudou também. Hoje tem uma parte importante do jornalismo que é torcedor e muitas vezes quando o resultado é negativo, a maneira que se colocam as críticas incitam um pouco a violência e hostilidade no time. Quero repetir e fazer um chamamento a torcida, que nos dê esse voto de confiança. Faltam onze jogos que serão onze finais e temos confiança no trabalho. Hoje não foi uma grande partida, mas enfrentávamos um time extremamente qualificado, que aproveitou duas falhas e nós não tivemos um jogo que a torcida desejava. O segundo tempo foi melhor, tivemos o controle do jogo, apesar da torcida que deixou de nos apoiar o escolheu o Rafael pra ser o grande vilão. É o que falo, na hora que vocês fazem o trabalho de vocês é preciso ter cuidado com o conteúdo. O torcedor já que não quer entender o momento que o clube vive, com orçamento limitado, uma dívida limitada e isso não é uma desculpa, é um fato. Temos condições, depende só da gente.”
“Para mim, a pressão que os jogadores recebem é desproporcional”
“A gente sabia que iríamos oscilar. Nem fizemos festa quando iniciamos o campeonato muito bem, ao contrário de muitos meios de comunicação, sempre tivemos os nossos pés no chão. O Campeonato Brasileiro é muito difícil, estamos encontrando dificuldade encontraremos mais dificuldade ainda se o torcedor não apoiar a gente. Tem afetado diretamente os nossos jogadores. Hoje vimos erros de passe que são inexplicáveis. Pra mim é essa pressão desproporcional que os nossos jogadores estão recebendo. Convido novamente a nossa torcida que assim a gente pode sair dessa situação.
Após fazer críticas ao comportamento do torcedor e parte da imprensa, Ronaldo foi questionado sobre onde ele entende que sua gestão falhou no planejamento do retorno o clube à Série A. No entanto, preferiu se esquivar da resposta e encerrou a entrevista.
“Não separaria nada disso do que falei, é tudo um conjunto. Vamos ver como termina.”