Seabra fala sobre alterações na equipe, avaliou o empate e destacou que equipe passa por readaptação

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O técnico Fernando Seabra falou após o empate sem gols no clássico disputado no sábado (10), no Mineirão. O treinador falou sobre as escolhas na montagem da equipe e destacou ainda o novo processo de adaptação que o time vem passando após a chegada dos reforços, não descartando uma mudança na estrutura se necessário.

Seabra explicou as alterações na escalação inicial, destacando que o Cruzeiro está em fase de integração dos novos reforços ao elenco. Ele mencionou que Walace vinha se destacando nos treinos, o que levou a comissão técnica a acreditar que ele poderia atuar por 45 minutos. Romero foi escolhido por estar em melhor forma, com o objetivo de aumentar a intensidade do time.

“Fizemos as mudanças pois estamos no processo de incorporar os jogadores que chegaram durante a janela. Todos os jogadores que pudessem jogar 45 minutos, iniciaram o jogo. Wallace já vinha apresentando evolução nos treinos e avaliamos que teria condição de fazer os 45 minutos. A troca foi no sentido de elevar a intensidade do time, o Romero vem com mais ritmo, tivemos uma queda de intensidade no final do primeiro tempo e era importante. Não fomos felizes em algumas escolhas, roubamos algumas bolas com a defesa aberta podendo progredir e gerar algo claro. No final do primeiro tempo o Atlético começa a achar mais a construção com os volantes, quebrar a pressão por dentro e desdobrar pro lado oposto, sofremos com esse equilíbrio e fomos empurrados pra trás. O Atlético terminou o primeiro tempo superior, ajustamos alguns mecanismos e colocamos energia porque era um jogo de alta intensidade, jogadores frescos. As trocas foram nesse sentido. A entrada do Juan buscamos variar o ponto de profundidade, tínhamos profundidade com Kaio e Lautaro numa formação de um e dois no meio e no intervalo a gente muda pra uma formação de dois e um, para achar mais passes interiores na construção que estava difícil no primeiro tempo, conseguimos alguns. Um segundo tempo iniciou com mais posse do Atlético mas pouca criação, conseguimos defender bem a área quando necessário, depois tivemos uma alternância de domínio no jogo, tivemos mais presença do meio pro final, tivemos uma chance muito boa do Arthur e o Everson foi feliz em defender.

Em relação as chances criadas, entendo que tivemos um certo equilíbrio, embora o Atlético tivesse mais posse de bola. Esse projeto do Atlético tem mais longevidade, e nós estamos durante a temporada fazendo um processo de incorporação de jogadores que foi importante, um aporte, mas que exige tempo para que todos se sintam familiarizados, a gente entender as melhores características de cada um. As equipes com um trabalho mais longevo trocam três ou quatro jogadores no final da temporada, nós trouxemos sete jogadores na janela durante a temporada e estamos fazendo esse trabalho enquanto estamos jogando, é normal oscilação de desempenho.”

Seabra comentou sobre a necessidade de ajustar a marcação nas jogadas pelos lados do Atlético, especialmente com Scarpa e Arana. Ele observou que, no segundo tempo, essas investidas diminuíram após as correções feitas. Reconheceu que os movimentos defensivos pelas laterais ainda não estão totalmente sincronizados, mas que houve uma melhora. Seabra enfatizou que ainda há um caminho a percorrer para aperfeiçoar essas rotinas.

“Nos momentos em que nós fizemos as abordagens desses jogadores em amplitude com os laterais e mantivemos o meio fechado tivemos sucesso, nos momentos que os médios saíram pra fazer essa amplitude nós tomamos quebra por dentro ou por fora, então é um ponto de correção importante, ajustamos essa leitura e conseguimos neutralizar mais no segundo tempo. Isso fez que o Atlético ao invés de verticalizar pelo lado do Scarpa, tivesse que circular a bola por trás, nos permitiu subir pressão, em outros momentos circularam pelo lado contrário e por isso tiveram mais posse, porque tiveram mais dificuldade de jogar por dentro do bloco e tinham que rodar por trás. Algumas vezes conseguiu achar um apoio por dentro e inverter o jogo, mas a leitura nossa e o controle da zona fraca ainda não está totalmente afinada mas melhorou bastante, então conseguimos neutralizar as vezes numa altura mais vantajosa, outras mais perto da nossa área, então passou por esse ajuste do mecanismo. Nesse momento existe ainda um processo de adquirir um processo de adquirir o domínio de todas essas rotinas.”

Seabra comentou que colocou Dinenno em campo com a intenção de manter um jogador mais presente dentro da área, considerando a possibilidade de ter um centroavante mais próximo do gol. No entanto, ele explicou que essa estratégia depende da capacidade da equipe de pressionar os adversários e jogar mais próximo da área, o que, se não acontecer, complica a execução.

Ele mencionou que o período em que o time ficou sem centroavantes disponíveis levou à adaptação de novas formas de marcar gols sem um 9 tradicional. Agora, a equipe precisa trabalhar para incorporar esses movimentos com um centroavante clássico:

“Nós voltamos no segundo tempo com o Dinneno centralizado para dar profundidade a equipe em todas as fases do jogo. Concedo sim a possibilidade, tanto que fiz no intervalo, agora ele ter presença de área o tempo todo depende da equipe empurrar o adversário, então não é uma questão só do posicionamento dele, mas da imposição da equipe que permita ele estar mais perto do gol. Ele entrou com essa ideia. Nós passamos muito tempo sem ter centroavante em função da lesão do Dinneno, tínhamos que oportunizar os jogadores dentro das características que eles tinham. Isso exigiria um tempo de adaptação aos nossos atacantes gerarem as rotinas de como fazer movimentos para criar situações de gols sem centroavante. E a medida que os jogos foram passando isso foi acontecendo, fomos vendo os movimentos do Verón, do Arthur, agora nós temos de novo centroavantes a disposição e temos algum tempo para treinar e outros não. É um processo pra gente construir de novo esse tipo de variação para que sejamos efetivos.”

O treinador do Cruzeiro afirmou que a escolha de Walace para jogar hoje não foi baseada em sua estatura, mas sim em sua qualidade como jogador. Ele destacou a importância de dar oportunidades a Walace, tanto para avaliá-lo quanto para integrá-lo ao time em futuras partidas onde sua presença possa ser necessária.

Seabra destacou que a próxima etapa será avaliar e ajustar o time, oferecendo oportunidades aos jogadores para definir a estrutura da equipe com base no mérito individual. Ele ressaltou que os jogadores que estiverem em melhor forma terão a chance de jogar, sempre levando em conta as particularidades de cada partida:

“Foi algo positivo nesse sentido, a estatura do Wallace, mas não foi o critério pra ele ser utilizado. O critério foi que ele é um jogador qualificado, experiente e importante, muito efetivo para distribuir e defender, ele trabalhou até o ponto de jogar 45 minutos. Precisamos oportunizá-lo para avaliar o mérito interno e a melhor forma de utilizá-lo condicioná-lo para jogos importantes em que ele pode ser importante. Faz parte desse processo de acomodação e integração do elenco como um todo, que está se reconfigurando. Existe uma fase que foi preparar esses jogadores, preparar os jogadores que chegaram de condicionamento de jogo e isso envolve a questão técnico, tático e física, e a partir daí começar a condicioná-lo com o jogo, com minutagem. Cada um deles passou por esse processo e chegou essa fase pro Wallace. A partir daí temos vários jogadores entrando, desempenhando e a próxima etapa é a gente avaliar e entender onde cada um pode render melhor, oportunizá-los e em função do mérito fazer ajustes eventuais inclusive de estrutura. A estrutura da equipe pode ser muito bem ajustada pra alguns jogadores mas não pra outros e vamos ter que ajustar a equipe em função do mérito individual para aqueles que desempenham melhor joguem.”

Com o empate, o Cruzeiro permanece na quinta posição da tabela, com 36 pontos. O time agora se prepara para enfrentar o Boca Juniors, na próxima quinta-feira, às 21h30, em Buenos Aires, no primeiro duelo das oitavas de final da Copa Sul-Americana.

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