Seabra fala sobre dificuldades do jogo e simbolismo na classificação: “O Cruzeiro voltou”

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O técnico do Cruzeiro, Fernando Seabra, falou na zona mista após a heroica classificação do Cruzeiro sobre o Boca Juniors, na Sul-Americana, no Mineirão, pelo jogo da volta das oitavas da Sul-Americana. A Raposa superou os argentinos por 5 a 4 nas cobranças de pênaltis e encara o Libertad-PAR na próxima fase.

Como ainda não possui a Licença PRO da Conmebol, exigida pela entidade para os treinadores na competição, o auxiliar técnico Wesley Carvalho concedeu a entrevista coletiva pela questão burocrática.

Seabra destacou a importância da estratégia adotada para neutralizar o Boca Juniors, mencionando a mudança de estrutura que visava impedir a distribuição de bola do adversário, que costumava explorar um jogo em triângulo. Ele elogiou a rapidez de Lautaro na abordagem a Advíncula, o que forçou o adversário a verticalizar e individualizar o jogo sem critério, resultando em uma falta que levou à expulsão, equilibrando energeticamente a partida.

Seabra ressaltou que, apesar do desgaste acumulado pela viagem e pelo jogo recente contra o Vitória, sua equipe conseguiu manter a intensidade, ampliando a vantagem e quase marcando um terceiro gol, embora tenha observado que poderiam ter trabalhado mais a posse de bola para desgastar ainda mais o Boca Juniors.

“Mudamos a estrutura para tirar o tempo dessa distribuição deles por fora, porque eles fazem esse triângulo. Fomos felizes e o Lautaro foi muito rápido nessa abordagem ao Advíncula e ele acabou verticalizando e individualizando sem critério, o Romero roubando a bola e ele fez a falta. Essa expulsão equilibrou do ponto de vista energético o jogo. Digo isso porque jogamos segunda-feira com viagem e o Boca jogou no domingo, em casa, e poupou nove titulares. Nós ainda fizemos uma certa mescla. Continuamos mais intensos, fizemos 2 a 0 e tivemos perto de fazer o terceiro gol. Continuamos atacando de forma rápida e vertical, trabalhando pouco a bola de um lado pro outro e poderíamos ter feito isso pra cansar o Boca Juniors.”

O treinador comentou que sua equipe manteve a mesma intensidade defensiva e verticalidade ofensiva, mas, em determinado momento, houve uma queda de energia, o que permitiu ao Boca Juniors avançar no campo de ataque. Como resultado, sofreram um gol de bola parada, algo que ele acredita precisar ser analisado com calma.

Seabra reconheceu a qualidade do adversário, ressaltando que, mesmo enfrentando uma equipe com um jogador a menos, a partida não foi fácil. Ele destacou que o Boca Juniors é uma equipe de alto nível, vice-campeã da Libertadores, composta por jogadores experientes e acostumados a atuar sob pressão.

“Continuamos na mesma intensidade defensiva e verticalidade ofensiva e uma hora baixamos um pouco a energia e o Boca subiu no campo de ataque. Sofremos um gol de bola parada e precisamos analisar com calma. Sabíamos que estávamos enfrentando uma grande equipe acostumada a jogar fora de casa, com um a menos, jogadores de alto nível experientes. Uma equipe vice campeã da Libertadores com a base que perdeu para o Fluminense. Mesmo com um a mais não se tornou fácil diante da qualidade do adversário.”

Fernando Seabra comentou que o time iniciou o jogo com um esquema 3-1-6 e, no segundo tempo, ao notar a falta de presença no ataque, fez substituições antecipadas. Aos 35 minutos, a equipe passou a jogar em um 2-1-7 para aumentar a pressão ofensiva, o que criou chances de gol, mas também expôs o time a perigosos contra-ataques. Ele reconheceu que essa estratégia não pode ser mantida por muito tempo e elogiou a capacidade do Boca Juniors de aproveitar erros, mesmo com um jogador a menos.

“Iniciamos o jogo num 3-1-6 e depois voltamos no segundo tempo dessa forma, não estávamos conseguindo ter presença de último terço e fizemos as trocas antecipando elas para que voltássemos a ter mais presença na área do adversário e aos 35′ do 2T fomos pra um 2-1-7. Sofremos um contra-ataque nessa estrutura que quase resulta no gol adversário, é um tipo de emergência ofensiva que não se pode fazer por muito tempo que uma hora o adversário terá o contra-ataque. Colocamos dois centroavantes, buscamos gerar oportunidades, teve bola na trave do Matheus, teve defesa do Rojo na cabeçada do Arthur, e o Boca também muito intenso nas subidas de pressão, apostando em erros nossos pra sair em contra-ataque, mostraram que sabem jogar com um a menos no 4-3-2.”

Por fim, o comandante ressaltou a importância simbólica do jogo afirmando que, apesar das dificuldades enfrentadas e das áreas que ainda precisam ser aprimoradas, a partida representou um marco significativo para o time. Ele destacou que, dado o contexto, a dimensão e o nível do confronto, essa vitória mostrou que o Cruzeiro está de volta ao cenário de grandes disputas:

“Acima de tudo com as dificuldades que sabemos que tivemos e com aquilo que precisamos melhorar no nosso jogo, acho que por tudo que esse jogo representa, dimensão e nível, esse é o jogo que a gente sabia que era simbólico. Ele mostra que o Cruzeiro voltou.”

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