
FOTO: VINNICIUS SILVA / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Sérgio Nonato esteve ao lado de Wagner Pires de Sá desde o momento em que o mesmo decidiu concorrer à presidência do Cruzeiro. Conhecido por ser “representante” do Cruzeiro no programa Alterosa Esporte, após vencer o pleito, Sérgio ocupou diversos cargos, mesmo não ostentando qualificações ou currículo suficiente para ambos. Iniciou sua trajetória no clube ocupando a área de comunicação, sua insuficiência o levou para a diretoria geral – um cargo até hoje não explicado – e assumiu também a assessoria do presidente.
A renúncia, de acordo com o mesmo ao ser questionado pelo portal globoesporte.com, tem como objetivo “pacificar” o clube. A alegação é vaga e prepotente: Serginho era visto apenas como mais um funcionário de salário milionário, sem a contrapartida de trazer benefícios ao clube. Sua saída – se é que ela vai acontecer na prática e não só na teoria – não traz paz ao cenário político. A indisposição dos torcedores, do mercado e dos conselheiros contrários à diretoria com Wagner Pires de Sá, Itair Machado, Hermínio Lemos, Flávio Pena, Amarildo Ribeiro e tantos outros não será menor por conta disso.
Vale ressaltar que Sérgio Nonato proporcionou diversos momentos que corroboram às críticas feitas ao longo da atual gestão. Vamos relembrar alguma delas:
Negociação de salário, vencimentos milionários e participação em patrocínios:
Ao assumir seu primeiro cargo no clube, Sérgio Nonato recebia cerca de R$60 mil reais, mas esse valor foi alterado logo com duas semanas: luvas de R$300 mil e um novo contrato com aumento e participação em premiações. Até o final de 2018, Sérgio Nonato havia recebido cerca de R$1,9 milhão do Cruzeiro. Na época, o portal Yahoo! Esportes detalhou esses valores e mostrou que o, então Diretor Geral, embolsava em média 158 mil reais mensais. Além, é claro, da multa rescisória. Sim, para ser demitido, o Cruzeiro (clube que Sérgio Nonato jura amar) teria que desembolsar R$1 milhão. Em entrevista recente em diversas rádios de Minas, Sérgio também confirmou que recebia comissão pelos patrocínios que trazia, salientando ainda que o valor era “menor que o de uma agência”.
Patrocínio maior que a Crefisa e novos patrocínios que nunca vieram:
Em fevereiro deste ano, Sérgio Nonato foi o responsável por divulgar que o Cruzeiro fecharia um patrocínio master com valores superiores aos da CREFISA (patrocinada e parceira do Palmeiras). Tal patrocínio nunca veio e o acordo fechado com o bando Digi+ não chega perto dos valores pagos ao palestra de São Paulo. Inclusive, as condições para que o patrocínio adquirido trouxesse em algum valor significativo para o clube foram péssimas: o banco Digi+ é um dos poucos bancos digitais a cobrar taxa para a abertura de contas. As informações sobre o arrecadamento do clube, inclusive, é um mistério e seguem sem qualquer transparência. Não satisfeito com isso, nas mesmas entrevistas realizadas às principais rádios, Sérgio Nonato prometeu que o Cruzeiro fecharia com cinco novos patrocínios que nunca saíram da promessa.
Fim do atletismo e polêmicas:
Sérgio Nonato também foi o responsável direto pelo fim de uma das modalidades mais tradicionais e vitoriosas do Cruzeiro: o atletismo. Mesmo sem explicações, que foram feitas posteriormente pelo ex-coordenador Minardi (você pode conferir clicando aqui), Serginho que se gabava de atrair patrocinadores e parceiros pro clube, não foi capaz de manter uma equipe e uma estrutura que tinha orçamento anual inferior aos seus próprio vencimentos como dirigente do Cruzeiro. Sérgio também se envolveu com polêmicas e bateu de frente com outros funcionários que, inclusive, deixaram seus cargos. Era tido com o braço esquerdo de Wagner Pires de Sá (o direito é Itair Machado).
Enfim, sua saída reforça o momento de crise interna, nunca antes vivida pela diretoria sempre blindada pelos conselheiros. Ao que tudo indica, as mudanças de fato estão para acontecer.