
FOTO: MONTAGEM / REPRODUÇÃO / CRUZEIRO E.C.
Após a repercussão da reunião do conselho marcado para o mês que vem, que abordará o tema das finanças de um possível plano econômico do Cruzeiro, a situação que se desenha no segundo ano de mandato do presidente Wagner Pires de Sá não é das melhores. Depois de assumir o pleito com a narrativa de que colocaria o clube nos eixos, organizando financeiramente o cenário deixado pelo antecessor, Gilvan de Pinho Tavares, até o momento não há de fato algo concreto que tenha sido feito.
Mesmo com o prêmio milionário da Copa do Brasil e com a venda histórica de Arrascaeta, passando pela diminuição da folha salarial, o fim da equipe de atletismo e a promessa de patrocínio master que, até então, não apareceu, o Cruzeiro não consegue equacionar suas dívidas. A ideia agora, ao que parece, é alienar o patrimônio do clube para arcar com mais gastos e manter o time competitivo e forte em campo. Ainda não se pode cravar com certeza qual será esse planejamento financeiro – se sua aplicação será de curto/médio prazo, mas se imagina que dificilmente será algo a ser pensado no longo prazo.
De fato, não há receitas e fórmulas mágicas no futebol. Quando assumiu em 2012, Gilvan de Pinho Tavares também pegou o clube com um cenário ainda mais caótico deixado pelo hoje presidente do conselho Zezé Perrella. A diferença entre 2012 e 2017, ano em que Wagner assumiu seu mandato, pode ser vista nessa excelente matéria assinada pelo Thiago Madureira publicada pelo portal Superesportes: “Quando assumiu, Gilvan também encontrou Cruzeiro com dívidas, mas recusou vendas”.
Os dois mandatos de Gilvan mostram uma administração desastrosa enquanto centralizou o poder de todo departamento de futebol. Boa parte disso, inclusive, é o que levou o Cruzeiro ao cenário de dívidas que tem hoje. Parcerias mal elaboradas e até duvidosas, por exemplo, Genivaldo Santos, empresário da Gênio Sports e responsável por colocar no Cruzeiro jogadores de baixo potencial técnico e outros que sequer foram aproveitados e se transforam em dívidas como o caso do centroavante Careca do Atlético Acreano. Os dois momentos em que obteve sucesso, ganhando dois títulos brasileiros e um da Copa do Brasil, Gilvan teve ao seu lado Alexandre Mattos (hoje no Palmeiras) e Bruno Vicintin (desligado do futebol celeste), que souberam controlar despesas e receitas, trazendo pro clube mais competitividade.
O cenário de hoje não parece diferente dos vividos nos piores momentos de Gilvan: Itair Machado é o homem forte do Cruzeiro. Remunerado, o vice-presidente de futebol é o manda-chuva da Toca da Raposa, dando as cartas tanto no futebol quanto no administrativo. Os mandos e desmandos de Itair não são novidades e você pode conferir diversas matérias aqui mesmo no portal Deus Me Dibre. Centralizador, Itair tem ainda o discurso populista para angariar seguidores em torno de polêmicas vazias – a última, por exemplo, com a Federação Mineira de Futebol e um suposto rompimento que não significa nada na prática.
Alguns dos episódios envolvendo Itair que foram publicados aqui (basta clicar para acessar):
- AS MENTIRAS QUE ELE CONTA
- PARCERIA COM O IPATINGA: O QUE GANHAMOS?
- DEVO, NEGO E MINTO ENQUANTO PUDER
- ELE MENTIU
- FLORENTINO PÉREZ GARANTE: CONTAS EM DIA… MAS, E O EZEQUIEL?
- OITO OU OITENTA
- E A CONTA, VAI CHEGAR? (série de reportagens que trazem análise do balanço)
- JÁ ESTAVA ASSIM QUANDO EU CHEGUEI
A verdade é que a pouca transparência no futebol faz com que Zezé Perrella, Gilvan de Pinho Tavares e Wagner/Itair tenham muito mais semelhanças que diferenças. Entre balanços com auditorias suspeitas e negócios que geram dívidas para o clube sem sanções para os responsáveis, o Cruzeiro é o principal alvo das más-administrações que muitas vezes são mascaradas com títulos. O desfecho dessa conjunção de fatores que se deu ao longo dessa década pode culminar numa situação comum vista por times gigantes que não sabem equacionar suas dívidas: a decadência e o rebaixamento. Que o Cruzeiro e sua torcida saibam analisar as situações antes que uma real recuperação seja tarde demais.