Gabriel Lima, líder do processo de transição da SAF, fala sobre perspectivas e posição atual do grupo

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FOTO: GUSTAVO ALEIXO / FLICKR / CRUZEIRO E.C.

Em fase final de transição, após Ronaldo ter apresentado pautas consideradas fundamentais para que o negócio se concretizar em definitivo, conselheiros do Cruzeiro se manifestaram de forma contrária – e de forma ambígua, pois terminam a nota se mostrando também favorável à gestão do ex-jogador – e publicaram uma nota apontando um possível contrato lesivo ao clube.

Após a nota do conselho, tanto a XP Investimentos, responsável pela negociação entre as partes, quanto o próprio Ronaldo Fenômeno, se manifestaram através de comunicados oficiais enviados à imprensa, onde esclareceram pontos levantados pelos membros da mesa diretora do conselho. Tanto a nota da XP, quanto a carta aberta de Ronaldo à torcida, você pode conferir na íntegra clicando aqui e aqui.

Nossa reportagem entrou em contato com Gabriel Lima, líder do processo de transição do grupo de Ronaldo e um dos principais agentes responsáveis pela aquisição de 90% das ações da SAF do Cruzeiro, e conversou sobre os trâmites e tudo que vem acontecendo neste momento em relação ao processo que pode, ou não, terminar com o Fenômeno sendo sócio majoritário da Raposa. 

Você confere abaixo, por tópicos, os principais temas abordados com Gabriel.

Perspectiva sobre o negócio após nota do conselho

“Nossa perspectiva. Os pontos estão bem explicados na carta (do Ronaldo) não gostaríamos que isso se tornasse público por várias razões. A negociação tem uma razão, um motivo e quando você abre isso para o público geral, tem que ficar se justificando de cada linha que está escrito. Por isso tem um termo de confidencialidade que eles quebraram. Cometeram ali uma ilegalidade quebrando a cláusula de confidencialidade. E eles mesmos assinaram quando a gente firmou a carta de compromisso. Mas como foi quebrado, a gente esclarece os fatos. Eles distorcem a realidade contratual para poder parecer que a gente vai botar só R$50 milhões de reais. Não é nada disso. Existem duas possibilidades. Existe o aporte inicial e existe ao longo do tempo o compromisso de gerar receitas incrementais e não se gerando essas receitas, a gente é obrigado a colocar mais aportes. Esse mecanismo foi pensado até para ser melhor pra associação. Se eu faço um aporte direto, a Lei da SAF não obriga que eu repasse os 20% pra associação. Agora, se eu gerar mais receita incremental, eu sou obrigado a passar 20% e gerar mais recursos para associação. Não sei se leram bem ou foram mal assessorados nesse processo. Esse mecanismo torna possível que a associação tenha R$70 milhões de reais a mais de receita nos próximos 5 anos. Se eu não gerar esses recursos, eu tenho a obrigatoriedade de colocar essa grana.”

Toca da Raposa I e II como patrimônios da SAF

“A gente foi super transparente com eles. Chamamos, explicamos os pontos, os porquês, a gente não quer usurpar o patrimônio do Cruzeiro, pegando as Tocas pra gente. Não é isso. A Toca I, o Barro Preto e 20% das receitas do futebol foram dadas em garantia pra uma dívida tributária que eles não tem condição de pagar. Esses imóveis estão perdidos. O futebol vai ter que trabalhar com 60% das receitas. A única coisa que a gente tá pedindo é que, pra exercer minha atividade fim, eu preciso de centro de treinamento. A Toca II ta totalmente irregular, eles não tem nem a posse da Toca II. A gente só quer ter controle sobre isso. E falei que se eles quiserem, a gente topa colocar a cláusula que dê mais segurança ao Cruzeiro, por exemplo: se tiver lucro imobiliário, a gente divide o lucro por igual, porque não é o que a gente quer. Mas a gente pode colocar que vai colocar a Toca I e II unicamente para fins de futebol, pra também garantir que a gente não vai fazer um shopping ali.”

Riscos e visão de longo prazo

“A gente tem tentado, de maneira racional, dar todos os argumentos de que o negócio é um bom negócio. Estamos assumindo um risco nessa história. O Ronaldo não é multibilionário, pra brincar de gastar dinheiro à toa. Estamos fazendo um negócio sério, com sustentabilidade, conceito, uma visão de longo prazo.”

Posição final de Ronaldo e equipe de transição

“O Conselho vai tomar a decisão que ele julga necessário. E eles são soberanos pra isso. Colocamos as condições que são fundamentais pra acontecer depois de passar pelo período de diligência que foi feito. Esses ajustes de rota são absolutamente normais. As condições são essas, se os conselheiros acharem que é um mau negócio para o Cruzeiro, não aprovam as condições e a gente vai ter que replanejar a nossa permanência. Vai ser triste, porque estamos super envolvidos. Todos fizeram sacrifícios pessoais. Eu tô morando na Toca. Ronaldo botou a mão no bolso, sem nenhuma garantia, pra poder ter os jogadores contratados inscritos. A gente colocou nossos pontos, que são fundamentais. Quando a gente entrou, viu que o buraco é muito mais embaixo. Não sei como o Cruzeiro iria entrar em campo esse ano sem um aporte financeiro.”

Conflito que gera instabilidade em campo

“Horrível essa instabilidade que gera pra dentro de campo. No dia que a gente ia jogar um dos jogos mais importantes da temporada. Pra gente, cada rodada da Copa do Brasil, o que representa financeiramente pro clube, faz muita diferença. E dentro do nosso orçamento, passar desse jogo era obrigação, já estava dentro do orçamento que a gente ia, pelo menos, chegar até essa fase. Um ambiente de adversidade tremendo. Tudo que a gente não precisa é gerar adversidade pro lado de dentro.”

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