
Quando um clube de futebol disputa campeonatos, ele está em busca de conquistas em duas frentes: Prestígio: a cobiçada taça, que é o grande diferencial dos times de tradição e camisa, o número de troféus levantados é o que separa os gigantes do grandes, os grandes dos médios, e assim sucessivamente. Um clube de futebol sem uma sala de troféus abarrotada é apenas um figurante na vala dos comuns, tá aí o exemplo do Atlético-MG que não me deixa mentir.
A outra frente é o retorno financeiro. Além do emblemático título, premiações milionárias estão em jogo, algo que faz toda a diferença num país com futebol deficitário, com elencos cada vez mais caros e com treinadores medianos cobrando verdadeiras fortunas para implantar sua filosofia arroz com feijão. Não é exagero dizer que é impossível se manter competitivo se vez ou outra não bater campeão em algum torneio.
Com tanto dinheiro em jogo, quanto mais alternativas para se ter uma disputa limpa, melhor. Com muita demora e ainda passando por ajustes, o futebol brasileiros aos poucos vai implantando o VAR (o famigerado árbitro de vídeo). Lamentavelmente, dos 20 clubes que disputam o Brasileirão, 12 votaram contra o uso do VAR, alegando ”alto custo”. E o Cruzeiro foi um destes clubes.
O custo do VAR no Brasileirão teria um custo aproximado de R$ 50 mil/jogo. Num campeonato com 19 rodadas como mandante, seria um custo de R$ 950 mil durante o campeonato. Foi uma questão de escolha dos clubes. Vejamos se foi acertada ou não.
No Brasileirão de 2017, as premiações para cada clube no G6 foram (serão maiores em 2018):
1) Corinthians (72 pontos) – R$ 18,1 milhões
2) Palmeiras (63 pontos) – R$ 11,4 milhões
3) Santos (63 pontos) – R$ 7,8 milhões
4) Grêmio (62 pontos) – R$ 5,6 milhões
5) Cruzeiro (57 pontos) – R$ 4,1 milhões
6) Flamengo (56 pontos) – R$ 2,8 milhões
Reparem a diferença entre o 6º colocado e o 2º colocado: apenas 7 pontos. Imagine que tenham ocorridos erros de arbitragem em 2 ou 3 rodadas, erros ”comuns” tais como: gol mal-anulado ou gol sofrido com o adversário em impedimento. Seriam erros onde o VAR faria justiça. Por causa destas 3 rodadas, você recebeu R$ 8,6 MILHÕES A MENOS, que é a diferença de premiação entre o 2º e o 6º colocado. Pagar R$ 950 mil para ter o VAR na temporada ainda te parece mal negócio?
O Cruzeiro em 2018 foi prejudicado em INÚMERAS rodadas. Vários gols legítimos anulados. Várias derrotas e empates seriam facilmente revertidos com o VAR, e por consequência estaríamos em melhor colocação, com mais dinheiro à receber no final da temporada. Hoje estamos em 9º, com 8 pontos a menos do primeiro clube classificado para a Libertadores 2019. Estes R$ 950 mil economizados valeram a pena? Clubes como Botafogo, Bahia, Chapecoense votaram a favor. O Cruzeiro votou contra. Qual a lógica?
Fica o aprendizado para 2019, com pouco menos de 1 mês de salário da atual comissão técnica se paga uma temporada de VAR para a disputa do Brasileirão. Não é só ”saber sofrer” (MENEZES, Mano). Tem que saber investir. Tem que ter inteligência, Itair Machado.
#VamoQueVamo
Foto: SHAUN BOTTERILL – FIFA