O machismo existe, mesmo que alguns teimam em dizer que é mimimi. No ambiente do futebol, ele está ainda mais presente. A repórter, Julia Guimarães, do Grupo Globo, foi mais uma vítima. Ela é uma das poucas mulheres na Rússia para a cobertura da Copa do Mundo e tem convivido com diferentes atos de machismo. Hoje, enquanto ela se preparava para entrar ao vivo no Esporte Espetacular, um russo tentou beijá-la.
Isso não é brincadeira!
Isso não tem graça nenhuma!
Isso precisa parar!
A mulher não está ali disponível para ser tocá-la, independente se ela esteja de burca ou biquini. Qualquer atitude precisa, antes de mais nada, de consentimento da mulher. A Julia estava ali trabalhando e um homem se achou no direito de beijá-la e atrapalhar a sua concentração. Ela foi firme e respondeu o babaca. Veja o vídeo abaixo.
É preciso parar de relativizar situações como esta e tentar justificar como brincadeirinha. E não me venha com a comparação de casos em que o repórter era um homem e mulheres tentam beijá-lo. São dois casos parecidos, mas com pesos diferentes, você queira ou não enxergar isso. É muito mais frequente assédio a mulheres, elas são minorias no ambiente e há uma cultura de desigualdade de oportunidades, disparidade salarial e objetificação do corpo feminino.
Nós, mulheres, nos sentimos intimidadas e impotentes diante de todos esses casos de machismo. O estádio de futebol muitas vezes é hostil para gente. Quantas vezes eu repensei ir a campo por não ter companhia e me sentir insegura?
Trabalhar com futebol é um desafio para as mulheres. Você tem que provar o tempo inteiro que sabe o que está falando e ainda é comparada com homem. “Olha ela entende igual homem!” Sem falar que muitas vezes, a mulher é objetificada pelo seu corpo e não avaliada pela qualidade do seu trabalho.
A Julia é forte. Mulher guerreira e determinada. Eu sou fã dela pela profissional incrível que é e pela pessoa encantadora. Hoje ela deu um recado para o mundo todo. O machismo merece tolerância zero. As mulheres só querem ser respeitadas.