FOTO: REPRODUÇÃO / MATÉRIA GLOBO
Diante de todo cenário que vem se formando no Cruzeiro, desde as denúncias apontadas pelo Fantástico no dia 26 de maio, a incerteza de que ações serão tomadas vem preocupando até o mais distante torcedor. Hoje completamos um mês da publicidade dos fatos em rede nacional, indícios de corrupção, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e a imagem do clube atribuída às páginas policiais – isso sem levar em conta o desempenho pífio no campo que nos deixa momentaneamente na zona de rebaixamento.
É claro que todo esse cenário não se construiu em tão pouco tempo. Há tempos já vínhamos alertando que a atual administração do clube apresentava um quadro de compadrio de funções, de uso indevido e irresponsável do dinheiro e de usufruto da instituição para promoção e enriquecimento pessoal. O estatuto do clube vem sendo desrespeitado há muito tempo. A política de interesses é o carro-chefe.
As desculpas eram sempre as mesmas: “culpa da administração anterior”, “oposição que quer derrubar”, “imprensa que quer fazer tumulto” etc.
O que não se repete é o rombo feito no Cruzeiro: esse aumenta a cada dia. Das denúncias do dia 26 até hoje, já houve nova condenação trabalhista sobre Itair Mchado; oitiva e possível investigação da Polícia Federal ao presidente Wagner Pires de Sá e ao advogado Fabiano de Oliveira Costa; sumiço e falta de esclarecimento sobre o papel do diretor-geral Sérgio Nonato; manifestação de parte de conselheiros exigindo movimentação e afastamento dos citados e investigados; discordância sobre o funcionamento do clube por parte do presidente e de Zezé Perrella, presidente do conselho deliberativo; atraso de salário a funcionários e colaboradores do Cruzeiro; “barraco” envolvendo a esposa do presidente e funcionária do clube e do conselho deliberativo; divulgação de documentos que comprovam que Itair Machado é o homem-forte do clube; entrevistas com diversas correntes de pensamento que se opõe ao que vem sendo feito (vide a de Ronaldo Granata, 2º VP do Cruzeiro, à rádio 98) e muitas outras…
Enquanto os que comandam a instituição apostam no tempo como remédio, acreditando que a torcida irá esquecer ou amenizar nas cobranças, o jogo político da “noite de caldos” e a busca por eleger uma chapa pró-diretoria no conselho fiscal segue a todo vapor. O que fica pra torcida é a mera sensação de impotência, não importando o barulho que faça, pessoalmente ou através das redes sociais.
É difícil imaginar como será o futuro do Cruzeiro. Não bastasse todo imbróglio dos bastidores que chega a ser desgastante, ainda há duas grandes decisões no futebol e a briga incessante contra a zona de rebaixamento. Ter que distinguir as duas coisas é tão difícil pro torcedor quanto é pros jogadores – e o próprio técnico Mano Menezes já deixou isso claro.
Como papel de imprensa, na responsabilidade de noticiar os fatos, seguirei fazendo o meu trabalho, apurando com precisão e apontando o que vem acontecendo com esse clube que, não por acaso eu também sou torcedor apaixonado. Deixo em aberto aqui, pra vocês, a pergunta do título: vocês conseguem ter alguma previsão do que acontecerá com o Cruzeiro depois desse primeiro mês após as denúncias?