
”Vamos buscar reforços pontuais, não pode ser qualquer um, tem que ser reforço para chegar e jogar” – DIRIGENTES, Todos os – Desde sempre. Se você torcedor ganhasse 1 real a cada vez que ouviu o dirigente do seu clube proferir estas palavras ou algo parecido, viajaria para onde neste final de ano? Sim meus amigos, são jargões batidos para nós amantes deste esporte chamado futebol. Provavelmente são as palavras mais ditas em entrevistas no final e início das temporadas.
No Cruzeiro não é diferente, ouvimos sempre, não importa o dirigente e o discurso é sempre o mesmo. E na prática, é o que acontece? A coluna de hoje vai abordar um pouco este assunto.
O Cruzeiro disputou até aqui em 2018 um total de 68 jogos (6120 minutos jogados). Fiz um levantamento no site oGol, e escalei o time do Cruzeiro com os 11 jogadores que mais atuaram até aqui, em suas respectivas posições. Tudo dentro do único sistema tático adotado pelo técnico Mano Menezes nos últimos 3 anos. Temos também o percentual de participação de cada um destes jogadores em relação ao total de jogos da temporada. Vamos ver como ficou e o que podemos tirar de conclusões a partir deste dado. Vamos lá:
Os 11 jogadores com mais minutos na temporada 2018 (por posição)
Fabio = 5220 minutos (85,3% de participação)
Lucas Romero = 3122 minutos (51% de participação)
Dedé = 3765 minutos (61,5% de participação)
Leo = 4808 minutos (78,6% de participação)
Egídio = 4635 minutos (75,7% de participação)
Henrique = 4298 minutos (70,2% de participação)
Lucas Silva = 3019 minutos (49,3% de participação)
Robinho = 3909 minutos (63,9% de participação)
Thiago Neves = 3811 minutos (62,3% de participação)
Arrascaeta = 3155 minutos (51,5% de participação)
Raniel = 2121 minutos (34,6% de participação)**
**é o centroavante do elenco com mais minutos em campo, mas é apenas o 14º jogador mais utilizado, no mínimo curioso.
Algumas análises interessantes com estes dados:
1) o Cruzeiro fez 68 jogos até aqui. Destes 10 foram na Libertadores e 8 na Copa do Brasil. Os 18 jogos mais importantes do ano representaram apenas 26,5% dos jogos disputados até aqui. Aquela frase ”abriu mão disto e daquilo pela Libertadores e Copa do Brasil”, repetida como um mantra pelos emocionados que defendem técnico e dirigente como se fossem intocáveis, cai por terra. 18 jogos não podem ser justificativa para mediocridade nos outros 50. Não num gigante do futebol como o Cruzeiro Esporte Clube.
2) dentre os 11 que mais jogaram, apenas UM dos DEZ reforços contratados para esta temporada. 90,9% dos jogadores que mais atuaram em 2018, já eram jogadores do clube em temporadas passadas. Então aquela frase lá no começo da coluna, mais uma vez não se confirmou. E tendo um olhar mais crítico, eu diria que NA PRÁTICA, em 2018 erramos mais do que em 2017 no quesito ”contratações”. Calma, não precisa começar a se doer. Vou explicar como cheguei a esta conclusão.

Tem reforço que é no padrão ”Deus que me defenda” de qualidade
Se fizermos um comparativo entre 2017 e 2018, analisando os 5 reforços que mais foram acionados durante a temporada (para eliminar fatores tais como: reforços que chegaram no meio da temporada, lesões, etc), teremos:
Os 5 reforços anunciados para 2017 que mais atuaram
Diogo Barbosa = 5201 minutos (78,1% de participação)
Thiago Neves = 4541 minutos (68,2% de participação)
Hudson = 2849 minutos (42,8% de participação)
Caicedo = 1989 minutos (29,9% de participação)
Lucas Silva = 1904 minutos (28,6% de participação)
MÉDIA DE PARTICIPAÇÃO DOS 5 REFORÇOS MAIS ACIONADOS: 49,5% dos minutos jogados
Os 5 reforços anunciados para 2018 que mais atuaram
Egidio = 4635 minutos (75,7% de participação)
Edilson = 2773 minutos (45,3% de participação)
Bruno Silva = 1641 minutos (26,8% de participação)
Mancuello = 1584 minutos (25,9% de participação)
Barcos = 1553 minutos (25,4% de participação)
MÉDIA DE PARTICIPAÇÃO: 39,8% dos minutos jogados
Notamos uma queda significativa na utilização dos reforços por parte do técnico Mano Menezes, concorda? Se o reforço é bom, ele joga. Senão for melhor do que os jogadores já disponíveis, ele vai jogar menos. Lógica bem simples.
Concluindo: reforços ”pontuais para chegar e resolver” tem sido mais um discurso do que algo concreto. E não é de hoje. A crítica vale não só para esta diretoria que assumiu em 2018, vale para a anterior também, pois 49,5% não é um padrão de excelência. Como diz o Manula (conhece muito de futebol, perfil conhecido no twitter): “No futebol, é difícil prever o que vai dar certo; o que vai dar errado, quase sempre está na cara”. Palavras tão verdadeiras quanto ignoradas: Nirley, Paulão, Riascos, Gino, Rafael Marques, Lennon e outros limitados tão aí para provar meu ponto.
Mas vamos olhar pra frente: E para 2019, o que diretoria e comissão técnica tem de concreto para tranquilizar a torcida e mostrar que vão contratar melhor? Não é questão de gastar muito, é questão de gastar CERTO. Serão capazes?
#VamoQueVamo
Fotos: twitter oficial do Cruzeiro