
”Futebol não é uma ciência exata, onde você coloca jogadores num tubo de ensaio e sai um time de futebol” – LUXEMBURGO, Vanderlei. O técnico da Tríplice Coroa está corretíssimo nesta análise. O futebol não é apenas matemática, diversos fatores podem explicar derrotas, vitórias, título, rebaixamento, o motivo de um jogador dar certo em clube e falhar miseravelmente em outro. Porém a matemática serve sim como SUPORTE, ajuda na tomada de decisões e na análise do futebol. Serve como REFERÊNCIA, dentro de um contexto é uma ferramenta, já em sua forma pura não serve para nada.
Com isto em mente, convido você leitor desta coluna a usar a matemática para dissecar a campanha do hexacampeão da Copa do Brasil, o Cruzeiro Esporte Clube, no campeonato Brasileiro deste ano. Com a disputa da Libertadores e da Copa do Brasil, o campeonato Brasileiro ficou em segundo plano. O Cruzeiro por inúmeras vezes atuou com times mistos ou até mesmo reserva em algumas rodadas. Será que foi a única explicação para um campanha tão medíocre no maior campeonato nacional do país?
Para começar, vamos estabelecer um parâmetro: ao longo da temporada, o que seria o time titular do Cruzeiro? Na opinião deste colunista, seria o seguinte:
Cruzeiro TITULAR 2018: Fábio, Edílson, Dedé, Léo, Egídio, Henrique, Lucas Silva*, Robinho, Thiago Neves, Arrascaeta, Barcos/Sassá**
*Lucas Silva foi titular a maior parte da temporada;
**Sassá foi titular antes da contratação do Barcos no meio da temporada, ambos com muitos jogos na condição de titular, portanto ambos foram considerados titulares.
Com isto em mente, vamos analisar o quão ”reserva” foi o Cruzeiro em cada rodada do Brasileirão em cada uma das 31 rodadas já disputadas. A fonte foram as fichas técnicas dos jogos, em comparação com o time considerado titular citado acima:
Cruzeiro 0x1 Grêmio: 81,8% titular
Fluminense 1×0 Cruzeiro: 63,6% titular
Internacional 0x0 Cruzeiro: 9,1% titular
Cruzeiro 1×0 Botafogo: 72,7% titular
Cruzeiro 2×0 Sport: 72,7% titular
CAM 1×0 Cruzeiro: 18,2% titular
Santos 0x1 Cruzeiro: 81,8% titular
Cruzeiro 1×0 Palmeiras: 72,7% titular
Ceará 0x1 Cruzeiro: 63,6% titular
Cruzeiro 1×1 Vasco: 81,8% titular
Chapecoense 2×0 Cruzeiro: 81,8% titular
Paraná 1×1 Cruzeiro: 45,4% titular
Cruzeiro 3×1 América-MG: 90,9% titular
Cruzeiro 2×1 Atlético-PR: 81,8% titular
Corinthians 2×0 Cruzeiro: 63,6% titular
Cruzeiro 0x2 São Paulo: 72,2% titular
Vitória 1×1 Cruzeiro: 100% reserva
Flamengo 1×0 Cruzeiro: 18,2% titular
Cruzeiro 1×1 Bahia: 81,1% titular
Grêmio 1×1 Cruzeiro: 45,4% titular
Cruzeiro 2×1 Fluminense: 63,6% titular
Cruzeiro 0x0 Internacional: 72,7% titular
Botafogo 1×1 Cruzeiro: 45,4% titular
Sport 0x0 Cruzeiro: 54,5% titular
Cruzeiro 0x0 CAM: 100% reserva
Cruzeiro 2×1 Santos: 27,3% titular
Palmeiras 3×1 Cruzeiro: 9,1% titular
Cruzeiro 0x2 Ceará: 72,7% titular
Vasco 2×0 Cruzeiro: 9,1 titular
Cruzeiro 3×0 Chapecoense: 90,9% titular
Cruzeiro 3×1 Paraná: 54,5% titular
Bom, temos aí o percentual de titulares utilizado rodada a rodada. Esta informação serviria para quê? Vamos lá!
Em 31 jogos, a média de titulares presentes por partida foi de 54,8% (6 titulares por rodada). Venceu apenas 35,48% dos jogos e conquistou 46,2% dos pontos disputados (43 em 93). A utilização de 5 ”reservas” em média por rodada seria a única explicação para uma campanha tão mediana?
Se a resposta for SIM e o problema são os reservas, vamos ter uma renovação no banco de reservas na próxima temporada? Teremos uma maior qualificação do elenco em 2019 para que o problema não se repita? Ou vamos manter do jeito que está, fazer a mesma coisa em 2019 e esperar resultados diferentes? Onde erramos este ano e o que fazer para que não se repita?
Se a resposta for NÃO, o que poderia ser? Treinamentos? Falta de variações táticas que explorem melhor as características dos jogadores do elenco? Uma melhor gestão na hora de ”rodar” o elenco? Seja o que for, qual solução a diretoria de futebol e comissão técnica teriam para podermos disputar o título do Brasileirão em 2019? Claro, só precisa desta resposta se a conquista do título for parte do planejamento. Mas se teremos mais um ano focando 100% nas copas e o Brasileirão será considerado apenas treino de luxo, JOGUEM LIMPO com a torcida e já preparem promoções nos ingressos para compensar ir ao estádio em jogos do Brasileirão.

A diferença entre uma vitória e uma derrota pode significar milhões a menos nos cofres.
Voltando à falar da nossa campanha no campeonato Brasileiro, um comparativo: se o Cruzeiro mantiver o aproveitamento até o encerramento do campeonato, terminará com 53 pontos, 4 pontos a menos que a campanha de 2017 (onde terminou em 5º com 57 pontos). Uma piora significativa, embora tenha investido mais de R$ 20 milhões em reforços (apenas nos valores declarados). Preocupante.
Outra comparação: 53 pontos no Brasileirão 2017 foi a pontuação do Botafogo, 10º colocado. Na premiação paga pelo campeonato Brasileiro este ano, esta queda na pontuação e diferença entre 5º lugar e 10º lugar significariam R$ 2.497.815,99 a menos entrando nos cofres celestes. Com tantas dívidas gritadas aos 4 ventos pela imprensa e até pela própria diretoria, é uma quantia que o Cruzeiro não deveria abrir mão. Precisamos melhorar.
Em 2019, voltaremos à disputar a Copa do Brasil no mata-mata. 4 times e 8 jogos para bater campeão. OPINIÃO: 8 jogos não podem jogar no lixo um campeonato tão importante como um Brasileirão de 38 rodadas. É o campeonato mais importante do Brasil e eu gostaria de ver o Cruzeiro BRIGANDO pelo penta. E você?
#VamoQueVamo