
O Cruzeiro foi derrotado pelo Internacional, por 2 a 1, e pode entrar na zona de rebaixamento nessa rodada caso o Vasco (17º), vença o Botafogo, em São Januário, nesta segunda-feira. Apesar da derrota, o técnico Zé Ricardo viu pontos positivos na atuação da equipe e considerou um “pecado” a derrota para o Inter neste domingo. Segundo o comandante, o erro na saída de bola no segundo gol foi crucial e a equipe criou o suficiente para, pelo menos, empatar o confronto.
O treinador explicou sua opção de voltar após o intervalo com o mesma equipe e explicou como suas trocas após os 20 minutos deram mais volume de jogo, destacando que é preciso transformar os bons momentos em gol:
Voltar com o mesmo time após o intervalo e a opção por não relacionar o Fernando
“A volta da mesma equipe é que acreditávamos que poderíamos melhorar com a mesma formação. Fizemos um início de jogo bom, começamos de forma intensa para abrir o placar, sabendo que tínhamos pelo menos 24 horas a menos em relação ao adversário. A estratégia foi de começar forte e infelizmente não conseguimos. No segundo tempo acreditávamos que com a mesma formação poderíamos melhorar nosso nível. Esse lance (erro do Machado) foi crucial até para o placar final, foi uma saída de bola precipitada nossa. Precisamos ser mais contundentes em alguns lances. De forma geral, criamos oportunidades, tivemos volume, pode parecer desculpa, mas colocamos três bolas na trave, mas falta um pouco mais de tranquilidade. Contra uma equipe experiente, com 2 a 0 contra, realmente abalou um pouco nossa confiança.”
“Com as trocas conseguimos dar um pouco mais de volume no nosso jogo, até conseguimos ter os movimentos mais claros até de chegar ao ataque. Tudo isso quando não é revertido em gol acaba ficando pra trás. Precisamos transformar os bons momentos que temos no jogo em resultado. Sobre o Fernando, hoje optamos por manter o Lucas de primeiro, e na saída do Machado e do Jussa ter um homem que chega mais forte na área, que é o Ian. Até conseguiu algumas infiltrações dele, trabalhamos com três homens na formação, o Lucas por trás e mais seis jogadores na linha dele onde criamos o volume final do jogo.”
O treinador também foi questionado sobre a falta de intensidade na marcação em relação aos dois últimos jogos e explicou a estratégia utilizada na partida deste domingo. O treinador também falou sobre oportunidades aos garotos da base ao invés de insistir sempre nas mesmas opções que entram em todos os jogos e não mostram resultado:
“Nos dois jogos que conseguimos pressionar mais, a estratégia contra o Bahia foi atrair e trazer ao nosso campo, jogando nas costas do adversário. A posse de bola deles foi maior do que a nossa. Hoje tivemos como estratégia abrir o marcador, sabendo que o Inter trabalha muito bem a posse de bola e não queríamos nos desgastar sabendo que fizemos um jogo quinta a noite em São Paulo. Criamos para abrir o placar, mas não conseguimos. Sobre os garotos, estamos tentando ter um pouco de cuidado, porque é um momento sensível. Colocar todos os garotos ao mesmo tempo pode ser prejudicial até pra formação deles. Estamos utilizando os garotos, em todos os jogos pelo menos um jogando ou entrando. Isso é o que a gente pensa de entender um processo natural.”
“Temos o costume de achar que quem está de fora é solução”
“A gente tem o costume de achar que quem está fora é solução, e isso pode criar até mais instabilidade no momento que não é de tranquilidade. A gente fez tanto na quinta quanto hoje tivemos bons momentos, criamos, hoje foram 19 ou 20 finalizações, três bolas na trave. Uma posse de bola maior que um adversário de muita qualidade e investimento alto que nitidamente jogou para explorar nossos erros e a gente principalmente no segundo gol nos precipitamos e demos essa condição pra eles. Se não sai o segundo gol, poderíamos ter empatado e até virado a partida.”
Confira outros trechos da coletiva:
Falta de oportunidades ao atacante Fernando:
“O Fernando joga pelo lado do campo, assim como o próprio Robert que vem treinando muito bem e entrou nos últimos dois jogos. Há um tempo atrás esse era o jogador da promessa e por um tempo ficou afastado. Recuperou sua confiança no Sub-20, foi campeão e agora está sendo reintegrado no dia a dia. O Fernando tem apenas 18 anos, não é da posição do Papagaio, tem dificuldade para jogar de costas, e a gente entende que pra esse jogo tinham jogadores que poderiam cumprir, como o Arthur Gomes que fez bem, uma das suas melhores apresentações. A gente queria dar um pouco mais de vivacidade, até da juventude do Robert, que vem treinando bem e certamente a oportunidade vai ser dada, mas existe um processo e precisamos ter calma para não passar por etapas e depois ter outros problemas na questão de outros meninos. Ainda temos o Stênio, que deu uma caída no dia a dia e estamos tentando recuperar, esperamos muito dele. Vamos colocando jogadores pra trás porque o novo a gente acha que vai dar certo. É uma convicção minha e do clube e vamos seguir dessa forma.”
Se existe interferência nas escolhas sobre os atletas que são relacionados:
“Não existe nenhum tipo de ordem de quem escala, a gente conversa tanto a minha comissão com a do Cruzeiro, mas logicamente que a decisão é minha. Nós temos começado com Kaiki, Ian, Kaiki e Ian no mesmo jogo. É necessidade, oportunidade, e aquilo que a gente encaixa no que é mais interessante na estratégia. As questões de terem entrado com o jogo definido, são situações que a gente entende que pode facilitar ou não dar essa minutagem aos atletas. A gente confia muito neles, só temos um cuidado especial para que eles entrem numa condição favorável a eles e pra sua carreira.”
Sobre o time não conseguir virar nenhum jogo em 2023, como reverter caso entre na zona de rebaixamento:
“O momento que se pressiona uma equipe, temos que ter força mental, sabedoria, tranquilidade e confiança para resolver da melhor maneira. O futebol é um esporte que como quase todos os outros, algumas coisas a gente controla, outras como o externo a gente acaba não controlando. Dentro de um plantel de 32 atletas, uns vão reagir de uma forma, outros de outra. Precisamos ter a tranquilidade e entender que depende apenas de nós. Hoje foi um pecado ter perdido esse jogo pelo que produzimos, pela postura que o Inter teve, mas veio pra jogar no nosso erro e não soubemos administrar e perceber isso. Duelar nos momentos específicos, no segundo gol a gente se equivoca nas tomadas de decisão e ai coloca o Inter numa situação super confortável pra eles. As trocas foram para dar um novo gás e tentar pelo menos o empate. Produzimos, fizemos o 2 a 1, tivemos chance de finalizar pela falta, finalização, conseguir pelo menos o empate e não conseguimos. É ter tranquilidade e confiança como temos no nosso trabalho e nos atletas que aqui estão.”
“Se produzir como estamos produzindo estaremos mais perto de conseguir o resultado”
“Temos que saber viver com esses momentos (vaias). A vida não nos reserva só coisas boas, o ser humano cresce nos momentos principalmente de dificuldade e isso está servindo de crescimento para todos nós. Depois da partida que fizemos contra o São Paulo e as oportunidades criadas e desperdiçadas aqui hoje, só entendo que produzir como estamos produzindo está mais perto de conseguir o resultado. É ter tranquilidade, mostrar em vídeo, tentar corrigir e controlar a ansiedade de todos nós. Não vamos sair de qualquer maneira dessa situação. Temos que ser uma equipe estruturada e organizada, para juntar todos os fatores positivos para preparar a equipe pra jogar em Curitiba e tentar a vitória.
Vaias da torcida após mais uma derrota:
A torcida é passional. Todas são. Fizemos as trocas para tentar melhorar a equipe, ficou claro que ela evoluiu. A gente estava bem desgastado de um jogo quinta a noite, a sequência de jogos pesa para uns jogadores a mais. Tentamos recuperar os dois dias parar fazer um jogo no melhor nível. A intenção foi apenas de não só tática como dar mais gás a equipe que aconteceu. Tenho convicção que as trocas foram para ganhar volume e infelizmente não transformamos em gol.”