
Parecia que teríamos uma solução para o drama que a Copa do Mundo trouxe (legado nosso, do inferno) para o Brasil. Nunca tinha visto tanta roubalheira de dinheiro público para levantar as tais arenas. E essa parte da roubalheira da grana pública, papai não quer que eu entre nesse assunto, ele teme que os políticos queiram o nosso lugar, mas as arenas… coisinha antipática.
Até nós aqui da quentura adorávamos a festa que o futebol proporcionava. Para ser bem honesto, os nossos que estão espalhados aí na terra iam para os jogos, com um único intuito, fazer inferno. Mas quando chegavam ao estádio, esses capetas danadinhos, esqueciam de suas obrigações e se permitiam ter diversão.
Pensei: “Estão na merda, se tivessem um fígado verdadeiro, papai os comeria!”. Para meu espanto… Não! Até o rei do enxofre percebeu que todos, até seres repugnantes como nós (uhuuuu!!!) merecemos passar por momentos agradáveis, para aliviar as tensões do dia a dia.
Lembro como se fosse ontem e olha que faz é tempo quando isso aconteceu, the king of fire, recebeu uma mensagem de texto do próprio Deus: Tá amolecendo filho ingrato? Sei que aí tem algo de bom! E nisso, peguei o coisa ruim com um sorrisinho de canto de boca. Olhei para o Baal – um dos piores capetões que temos aqui e pela primeira vez o vi com um semblante de preocupação.
“FODEU”
Toda essa história para que vocês entendam que esporte bretão conseguia fazer o pior dos piores ter lá seus momentos de… bondade!
E cá para nós, era do caralho um clássico entre Cruzeiro e Atlético, Mineirão lotadão, as duas torcidas tocando o terror! Os anjos desciam e a capetada subia! Até papai começou a participar, ele nunca se permitiu ter um time, então vez ou outra ele assumia o lugar do arbitro (é um sacana de marca maior!).
Aí vieram as porcarias das arenas e as suas regrinhas ridículas. Aqui no inferno… Vocês não fazem ideia como ficamos pistola.
PORRA! É futebol, FUTEBOL. Não é teatro! E conseguiram cagar o negócio mais ainda. Acabaram com os clássicos com as duas torcidas dividindo o estádio.
Ai foi a vez do Sete Peles mandar uma mensagem para o celestial: “Eu sabia, eles não mereciam o seu amor, perdeu seu tempo, tudo que é bom eles estragam, destroem e nem precisamos agir, fizeram sozinhos”.
Veio a resposta: “Filho ingrato, tenho fé neles, encontrarão uma solução, não vão matar a diversão mais popular já inventada pelo homem, que une o pobre e o rico, homens, mulheres e crianças. Tenho fé, não se empolgue”.
Ledo engano. Até que esse ano parecia que teríamos um acordo. Parecia. Quando as diretorias de Cruzeiro e Atlético mostraram interesse em voltar a fazer os clássicos no Gigante da Pampulha com as duas torcidas dividindo o estádio, eu logo juntei a legião e fui até o king todo empolgado: “To indo lá impedir esse acordo, ok?” E aí, almas que logo estarão aqui, eu fiquei assombrado, veio a resposta: “Sossega aí, deixa que eles se acertem, quero aquela coisa linda de volta”.
Baal chegou a reunir a turma, queria fazer um levante e tomar o inferno para si, mas logo repensou a ideia, arrumar uma treta dessas com o enxofroxoso… não é algo inteligente.
Para a decepção de todos, de nós daqui da quentura e da turminha das asisnhas, nada de acordo. E que fique claro! O CAPETA NÃO PERMITIU QUE INFLUENCIÁSSEMOS. Tudo obra humana. E esses humanos tem nome, sobrenome e cargo: dirigentes de ambos os clubes. Todos vaga-lumes, adoram ascender a bunda para aparecer. Querem ser mais estrelas do que quem realmente da o brilho ao esporte: os atletas e os torcedores.
Mas é por esses que eu falo: a terra do enxofre é gigantesca, tem lugar para muita gente e temos a certeza que muitos daí da terra, tem lugar garantido aqui, alguns já tem até seus nomes gravados em suas jaulas.
Eu os aguardo aqui.
Um abraço acalorado daquele que nunca dorme.