Demitidos em 2020, ex-funcionários do Atlético cobram valores pendentes

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Ao se despedir do Galo em dezembro, Sérgio Sette Câmara afirmou que não deixaria pendências financeiras em relação aos vencimentos de funcionários, atletas e comissão técnica para seu sucessor, Sérgio Coelho. Apesar do atraso, o ex-presidente cumpriu a promessa e acertou os salários e 13º dos funcionários no dia 16 de dezembro, porém, Sérgio Coelho assume o clube com pendências que começam a gerar processos na Justiça do Trabalho.

Em maio, após a paralisação das competições, o Atlético iniciou uma série de demissões na Sede de Lourdes, Cidade do Galo e clubes de lazer. Cerca de 250 pessoas foram desligadas da instituição e, oito meses depois, após seguidas promessas, grande parte dos ex-funcionários aguardam pelos acertos e lamentam pelo silêncio dos dirigentes.

Ricardo afirma ter trabalhado na Vila Olímpica por seis anos. Demitido em março de 2020, foi até a Sede de Lourdes nas datas informadas no momento da demissão, mas não obteve resposta sobre o pagamento da multa rescisória, FGTS em atraso e outros valores em aberto. Atleticano, Ricardo diz que ainda não havia acionado a Justiça por ser torcedor do Galo, mas que o descaso após tantos meses fez ele e outros atleticanos repensarem a decisão. O portal apurou que já existem processos em andamento pelos atrasos nos pagamentos. No período em que teria trabalhado na Vila Olímpica, Ricardo passou a frequentar o clube com frequência. Após a demissão, sem os acertos, passou a receber cobranças de mensalidades pela utilização do espaço.

“O pior é que eles me devem e ainda estão me cobrando o condomínio do clube. Como eu era funcionário, não pagava, mas agora, como não sou mais, eles estão mandando faturar para eu pagar a Vila. Como vou pagar se eles me devem?”, questiona Ricardo.

A promessa inicial era de acerto integral no dia 12 de junho de 2020. No dia 17 de junho, o Deus Me Dibre divulgou o relato de outro funcionário que reclamava da ausência de informações após ir até a Sede de Lourdes na data indicada e não ser recebido por ninguém do clube. Após a posse do novo presidente, uma funcionária do Atlético teria informado, por telefone, que Sérgio Coelho fará o pagamento, mas ainda não há uma data prevista para que isso aconteça.

Havia um grupo de Whatsapp para troca de informações entre os demitidos. Com medo de vazamento do que era publicado no grupo, a maioria teria saído do grupo e perdido contato com outras pessoas que passavam pela mesma situação. O Deus Me Dibre entrou em contato com uma pessoa demitida em maio. Por questões profissionais, ela preferiu não se identificar, mas confirmou o atraso no FGTS e a falta de pagamento das multas obrigatórias.

“Na realidade eles deram três tapinhas nas costas, tchau e bença. Não fiquei sabendo de ninguém que recebeu”, afirmou o ex-funcionário.

No período das demissões, o ex-presidente Sérgio Sette Câmara participou do programa Os Donos da Bola e afirmou que o Atlético trabalhava com “três dinheiros” e que o investimento feito nas contratações não influenciaria no atraso de pagamentos, entre outras dificuldades financeiras vividas pelo clube.

“Temos três dinheiros, e é bom que o torcedor entenda isso de forma bem clara. Um dinheiro é o do estádio, que o Atlético não põe um centavo lá dentro, nem esse dinheiro é utilizado para o Atlético no dia a dia. O dinheiro reservado para o estádio, como diria um ex-ministro nosso, é “imexível”. O segundo dinheiro é o que vem dos nossos apoiadores, investidores. Eles não estão dispostos a sair pagando dívida passada, nem salários. Eles estão dispostos a ajudar em reforços para o time. É uma questão de escolha. Ou faz investimento em contratação, ou então não tem dinheiro. O terceiro dinheiro é o que o clube arrecada, com sócio torcedor, Globo (direitos de transmissão), venda de camisa, venda de jogador. É com esse que a gente paga o dia a dia do clube, atletas, funcionários. Estamos fazendo um trabalho duro em cima do fluxo de caixa. Para esse terceiro ponto, infelizmente tivemos que fazer cortes”, disse Sette Câmara.

Segundo o departamento jurídico, todos os casos serão resolvidos e as pendências quitadas, mas o Atlético não definiu prazo para o acerto.

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