Pelos Faustos e Victorias, seguimos construindo

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FOTO: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO

Eduardo cresceu no interior de Minas. Longe dos estádios, ouvia as histórias do cunhado Fausto Barbosa de Paiva sobre um local em Belo Horizonte que possuía uma energia diferente. Seria mesmo possível ter sensações como aquelas descritas por Fausto apenas por passar em uma catraca e pisar em uma arquibancada?

Certo dia, Eduardo finalmente passou pelos grandes portões. Quando fecha os olhos, ainda consegue ouvir o som daquele povo ecoando o grito de Galo enquanto a bola rolava no gramado. Seria impossível viver longe do Atlético e Eduardo decidiu morar em Belo Horizonte. Sempre que alguém grita ‘Galo’, Eduardo lembra daquele nome: Fausto Barbosa de Paiva, o homem que lhe ensinou o que era vibrar com raça e amor. Ele se foi, o nome ficou.

Entre os milhares de alvinegros que Eduardo divide a arquibancada atualmente, está Gabriel, que, ao contrário do atleticano do interior, aprendeu a andar e cresceu nos estádios da capital mineira. Amigos e familiares sabem que a ausência de Gabriel em algum evento significa que tem Galo em campo. Quando algum cliente esquece o nome, basta chamar por ‘atleticano’ que todos já sabem quem é.

Nas centenas de camisas de goleiro que coleciona, Gabriel optou por escrever o nome de Victor. Na certidão de nascimento da filha, registrou Victoria, em homenagem ao ídolo que se tornou amigo e padrinho de casamento. No mesmo dia, um 26 de julho de 2019, marcou o nome de Victoria no cartão GNV Kids.

Curioso como sempre fazemos questão de ter nomes em certidões, cartões, camisas, alianças e lápides, mas no dia a dia nos relacionamos com quem sequer sabemos o nome. A dupla, Eduardo e Gabriel, já trocou algumas palavras, provavelmente em lances para reclamar da arbitragem ou em uma risada sarcástica ao ver o Ronaldinho dominando uma bola lançada do outro lado do campo, mas não saberiam o nome, muito menos o sobrenome do outro.

A arquibancada é uma dimensão à parte. Somos amigos de quem nunca tínhamos visto na vida, nos exaltamos com quem discorda do jogador que deixou o campo na substituição e abraçamos o mesmo atleticano, segundos depois, quando a bola balança as redes. Eduardo e Gabriel, nomes separados por gerações, bairros, famílias, mas unidos por um sonho. A fila G.

Eduardo de Ávila olhava ansioso para o relógio, contando os segundos, quando a mensagem apareceu. Compra concluída com sucesso. As cadeiras G12 e G13, G em homenagem ao Galo, e os números 12, da Massa, e 13, do Galo, estavam garantidas. Na G20, Gabriel Pedra verá o nome registrado por quinze anos. Ambos compraram a cadeira cativa da Arena MRV no primeiro dia da venda. Junto deles, estarão a saudade do Fausto, a esperança da Victoria, o otimismo do Eduardo e a fé do Gabriel.

Ao perceber que o menino do interior gravou o nome na história, uma lágrima pingou sobre a mesa. Ela já havia aparecido em outras situações, como na defesa do Victor, o mesmo ‘Victor’ estampado nas camisas do Gabriel. Nomes que não querem o agradecimento do Galo. Pelo contrário, essa foi a maneira que encontraram para dizer ‘muito obrigado, Atlético’.

Tanta energia, tantas histórias, tantas almas, todas ligadas por um único nome. O Galo.

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