Por que o Atlético não precisa contratar substituto para Fábio Santos?

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

É possível trocar o pneu de um carro com o veículo em movimento? A expressão popular é usada com frequência no futebol para destacar os riscos de uma grande reformulação no meio da temporada. No Atlético, o desempenho pífio do automóvel indicava que a manutenção em todas as partes da máquina era urgente. Nenhum clube brasileiro movimentou tanto a janela de transferências como o Galo. Além do número expressivo de reforços, exigindo alto investimento da instituição, a lista de empréstimos e rescisões mostra que era preciso mudar para voltar a brigar por títulos.

Fábio Santos será o próximo a se despedir do clube. Contratado em 2016, o lateral substituiu Douglas Santos e assumiu a titularidade até a chegada de Guilherme Arana, em 2020. Após um bom início, viveu períodos de crise, foi vaiado pela torcida por diversas vezes e se tornou liderança no elenco que trabalhava com três treinadores por temporada. Com Jorge Sampaoli, foi pouco utilizado, mas ganhou elogios do técnico argentino.

A titularidade inquestionável de Fábio, mesmo na fase ruim, aconteceu graças ao baixo rendimento dos concorrentes. Leonan, Hulk, Juninho e Lucas Hernández não convenceram treinadores e torcedores de que havia uma opção melhor no elenco. Dessa vez, tudo mudou, inclusive a forma como o Atlético joga.

Arana e Fábio possuem características diferentes. Guilherme se destaca, principalmente, no setor ofensivo, enquanto Fábio Santos é utilizado por Sampaoli quase como um terceiro zagueiro. Quando poupou Arana, o treinador chegou a utilizar Allan pelo lado esquerdo e a justificativa mostra o motivo do clube não buscar um substituto no mercado, pelo menos até o final do Brasileiro.

Atualmente, Fábio não cumpria mais a função de ir até a linha de fundo, cruzar e voltar para ajudar na marcação, como estamos acostumados a ver no futebol brasileiro. Imagine o cenário em que Everson inicia a jogada. Quando o goleiro aciona um dos zagueiros, Arana já está próximo dos homens de frente. Allan poderia ser um lateral reserva e exercer o papel de terceiro homem na linha de defesa quando o time sai com a bola. Com Guga em campo, o lateral direito também pode ficar ao lado de Réver e Alonso, deixando o zagueiro paraguaio mais próximo da linha lateral pelo lado esquerdo e permitindo que Allan suba, na ausência de Arana. Caso Jair ou Alan Franco desfalquem o time na mesma partida que Sampaoli não possa contar com Arana, o técnico optaria por três zagueiros e Junior ficaria pela esquerda.

Nos jogos em que os adversários optaram pela retranca, Junior Alonso apareceu no campo de ataque, contando com a cobertura de Allan. É comum ver Guilherme Arana na área e Alonso próximo de Keno pelo lado esquerdo. Sendo assim, Fábio se despede, mas não liga a luz de alerta pela chegada de um novo lateral.

Na Cidade do Galo, Fábio Santos sempre destacou a desorganização de um departamento de futebol que troca de treinador a cada três meses. Ele tinha razão. Quando o Atlético parece ter acertado com um nome a longo prazo, o momento pede a despedida e o fim do ciclo de Santos em Belo Horizonte. O lateral foi a principal liderança de vestiário nos últimos anos e intermediou conversas entre dirigentes e atletas. Volta para o Corinthians, onde fez história. Bom para os dois lados do balcão.

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