R10 e Arena MRV: Um erro em diversos acertos

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FOTO: REPRODUÇÃO ATLÉTICO

Imaginei que esse encontro não aconteceria por agora. Para falar a verdade, se voltasse alguns anos no tempo, sequer cogitaria ver Ronaldinho pisando na construção do estádio do Galo, a futura arena mais moderna do país. Seguindo uma ordem cronológica, a Arena MRV tem sido fiel à proposta de valorização da história atleticana. Reinaldo anunciou o início das obras, Dadá foi conferir de perto o grafite que o homenageava nos tapumes, enquanto Pierre e Leandro Donizete reforçaram a segurança do terreno.

Havia uma preocupação por parte desse torcedor que vos escreve com a valorização da nossa centenária história durante a construção do estádio. Ainda aguardo pelas informações do museu que precede a chegada à loja oficial, como acontece nos principais clubes do mundo. É de extrema importância, em um tour para conhecer a estrutura da Arena, saber como foram os passos, desde 1908, do dono de tudo aquilo.

Se vamos inaugurar a arena mais moderna do país, nada mais certo que a presença de um dos maiores da história do esporte na semana em que será lançada a pedra fundamental. O setor de multimídia do clube explorou ao máximo, os investidores do clube e diretoria marcaram presença. Está selada a primeira de muitas visitas de Ronaldinho à Arena MRV. Não seria possível adiar essa etapa e colocá-lo no canteiro de obras em um chroma key, dias antes do jogo inaugural. Acertam no time.

Na era em que as redes sociais facilitaram e potencializaram nosso hábito de reclamar, vale mais um elogio para a abertura do centro de experiências. Oportunidade para que torcedor tenha um spoiler do que viverá no futuro, ver de perto as obras, antes monitoradas por canais do Youtube que atormentam a construtora, e a possibilidade de comercializar todas as cadeiras e camarotes até a inauguração. Como todo produto que cerca o clube, houve envolvimento do Galo Na Veia, com desconto no pagamento ingresso para sócios. Eu, reclamão assumido, conto as horas para comprar meu ingresso de visitante.

Aos 47 minutos do segundo tempo, um erro coletivo. Para piorar, vindo de quem mais se beneficiou das genialidades do Ronaldo de Assis Moreira – o atleticano. Torcedores batiam na janela da van que levaria Ronaldinho até o Mineirão, para outro evento ligado ao clube, aos gritos de “vacilão”. Quem vacilou na história? Duas marcas parceiras do clube ativando a parceria com a presença do campeão da Libertadores ou pessoas amontoadas na grade durante uma pandemia desrespeitando alguém que proporcionou diversos momentos felizes?

Sempre foi mais fácil apontar os erros de empresários e é extremamente confortável bater nos dirigentes, principalmente quando a popularidade não é das melhores. Nesse caso, o gol contra foi nosso.  Ao ofender Ronaldinho, Riascos acertou a cobrança, o Ferreyra não caiu após passar por Victor, as luzes do Horto continuaram acesas. Não bastasse o risco pelo coronavírus, seria impossível atender a todos e estar no compromisso do outro lado da cidade. O efeito manada, tão frequente nos cancelamentos imediatos da internet, deu início a gritos ofensivos a um ídolo. É o que tem acontecido em fotos publicadas com Victor e tantos outros gigantes da nossa história.

Craque que é, o camisa 49 acenou com um hang loose e “dibrou” o que havia acontecido no bairro Califórnia. No Mineirão, declarou nos microfones que ele não tem noção do carinho que atleticano tem por ele e que nós não temos noção do sentimento que ele e toda a família têm pelo Galo. Nos deixou no chão, Ronaldo. A turma do Califórnia teve um dia de Rogério Ceni entregando água. Vacilaram! Que venha o próximo ídolo no centro de experiências, seja o Miquica, carregado pelos avós dos vacilões do Independência até a Praça Sete, ou o Taffarel, seguido pelos pais dos vacilões da Pampulha até Lourdes. Hoje, R10 “dibrou” e seguiu para o gol, como sempre fez. Perdão pelo nosso pequeno erro em um dia de muitos acertos.

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