Raio-x: Não entrar em pânico foi o diferencial do Galo

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Chegou ao fim a trilogia de Atlético e América, pelo estadual, com duas vitórias do Galo e um empate. Jorge Sampaoli e Lisca travaram bons embates e, apesar da vantagem alvinegra no placar agregado, o Coelho mostrou que é um dos favoritos para conseguir a ascensão na série B. No jogo que definiu o finalista do Mineiro 2020, Sampaoli surpreendeu ao escalar três zagueiros e optar por Alan Franco como titular. É a quinta partida do argentino e a quinta escalação diferente, o que gerou uma reação atípica do treinador adversário. Segundo o jornalista Pedro Rocha, do Globo Esporte, Lisca teria ido até o gramado após a divulgação da escalação do Atlético e desabafado sobre mais uma formação diferente.

“Esse Sampaoli está queimando os meus neurônios, cada dia um time diferente. Eu estou louco para encarar um time normal”, disse Lisca ao repórter.

Quando a bola rolou, o sacrifício dos neurônios pareceu ter valido a pena. Com dificuldade de criar jogadas, o Atlético sofreu com uma marcação intensa do América, que forçava o erro na troca de passes do Galo. Se a intenção com a entrada de Gabriel era dar mais liberdade para Guilherme Arana, o plano foi por água abaixo nos primeiros trinta minutos de jogo. Ademir repetiu a boa atuação das últimas partidas e forçou Arana a evitar as subidas em excesso.

Pelo lado direito, Gabriel voltou após se recuperar de lesão, mas não teve uma noite feliz no Horto. Para complicar ainda mais o setor defensivo, Alonso foi amarelado no primeiro minuto de jogo, deixando companheiros de time, treinador e torcida apreensivos até o apito final. Réver foi o destaque positivo da defesa. Com cinco zagueiros à disposição, o capitão América parece ter ganhado pontos com Sampaoli ao se mostrar firme defensivamente e uma boa opção na saída de bola.

Allan também tem a titularidade garantida, apesar do rodízio nas escalações. Com dois zagueiros, o volante não pisa na área do adversário e se torna quase um terceiro homem na linha de zaga. Com três defensores, Allan pôde jogar à frente da defesa e, ficando responsável por buscar a bola na base da jogada e, apesar dos poucos momentos de descuido, mostrou potencial mais uma vez para ser o alicerce no meio. Quando bateu cabeça com Junior Alonso, Matheusinho estava atento, roubou a bola e chutou forte, parando na excelente defesa de Rafael. Apesar da dificuldade do Atlético em propor o jogo, o adversário não conseguiu transformar a momentânea superioridade em chances de gols. Rafael pouco trabalhou na primeira etapa.

Alan Franco foi discreto mais uma vez. É quem mais precisa crescer no início do Brasileiro e o torcedor precisa entender que nem todo estrangeiro consegue se adaptar instantaneamente. Nos três jogos, Lisca deixou uma carga dos neurônios com a missão de parar Savarino. Vez ou outra, chamou atletas à beira do campo para dar instruções e ajustar a marcação. Com o crescimento de Nathan no retorno das competições, Lisca, mesmo sem Zé Ricardo, intensificou também a atenção dos marcadores na movimentação do meio-campista atleticano. Com Savarino e Nathan presos, Arana vigiando o rápido Ademir e o lado direito apagado com Alan Franco e Gabriel, Marrony se viu isolado novamente. O atacante foi obrigado a voltar para encostar os pés na bola.

Por gostar de trabalhar com poucos atletas no elenco, Sampaoli prefere jogadores que fazem mais de uma função. Assim, é possível mudar a maneira do time jogar sem uma substituição sequer. Na frente, Marrony pode deixar a área e ficar pelo lado esquerdo, o que aconteceu mais uma vez em vários momentos do duelo contra o América. Com a chegada de um ou dois atacantes nas próximas semanas, Marrony pode perder espaço como homem de referência na área e ser opção pelo lado esquerdo. Apesar do golaço, o desempenho, até o momento, faz Alexandre Mattos acelerar negociações no mercado, a pedido de Sampaoli.

Em noventa minutos, o atleticano alternou entre a preocupação e o otimismo pela estreia no Brasileiro. Há anos o Atlético não entra tão forte em um Campeonato Brasileiro, fato que aumenta a ansiedade do torcedor para que o time consiga se encaixar rápido. A vitória sobre o América pode ser a fórmula ideal para a competição. Mesmo com tropeços iniciais, como no jogo desta quarta-feira, é fundamental que se mantenha a calma, característica pouco presente nos dirigentes, jogadores e dirigentes nas últimas temporadas.

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