
FOTO: BRUNO CANTINI / FLICKR / ATLÉTICO
O Atlético vive momentos decisivos para a transformação do seu futebol em SAF (Sociedade Anônima do Futebol), mas esbarra no acerto com um possível investidor para oficializar a venda das ações.
Principal nome interessado em adquirir a SAF, o norte-americano Peter Grieve, responsável pelo grupo The Football Co., se reuniu com a diretoria do Galo na última quarta-feira (26). A reunião que durou pouco mais de duas horas teve como assunto principal o dinheiro. Segundo apuração da nossa reportagem, o empresário não conseguiu captar os valores desejados para adquirir os 51% da SAF dentro daquilo que era esperado pelo colegiado alvinegro.
As atuais conversas caminham para uma desistência de Peter Grieve, que já tinha uma proposta de venda em mãos, com valores na casa dos R$800 milhões para assumir não só o clube de futebol e suas dívidas, como também a Cidade do Galo (centro de treinamento) e a Arena MRV (com seus passivos). Grieve não descarta iniciar sua “holding” de clubes adquirindo um time europeu de porte médio, com valores dentro da realidade do investidor, que já teve outras experiências no futebol.
A diretoria atleticana já mudou o prazo para uma resolução com o investidor norte-americano duas vezes, mas a dificuldade de Grieve em conseguir recursos não vem agradando o colegiado, que já trabalha para buscar, junto a outros fundos de investimentos, novos possíveis investidores e também admite a hipótese de um possível comprador local.
Dívida total e alta pedida assustam
Outro ponto que se tornou um problema para que o Atlético conseguisse negociar a SAF com investidores são as dívidas do clube. Prestes a divulgar seu balanço financeiro, as informações são de que o clube atingiu a marca de R$2 bilhões em dívidas se somado todo o passivo do conglomerado, que envolve o clube de futebol e seus gastos e a Arena MRV, que recorreu a empréstimos (CRI) para terminar sua construção.
Inicialmente, a ideia do colegiado alvinegro formado por Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador, era que 51% das ações da futura SAF do Atlético fossem vendidas por R$800 milhões, sem levar em conta o patrimônio imóvel do clube. Caso fosse do interesse do investidor contar com a Cidade do Galo e a Arena MRV na SAF, a expectativa era de que o valor da venda ficasse em R$1,8 bilhão, o que não se mostrou viável.
A alta taxa de juros atualmente praticada no Brasil (Selic e CDI) é um dos grandes empecilhos tanto para investidores, quanto para o clube, que tem grande passivo circulante em empréstimos bancários, gerando um enforcamento em suas contas, mês a mês, pelo montante das dívidas.