Fernando Seabra explica motivos para retorno e exalta metodologia que vem sendo construída no clube

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O Cruzeiro anunciou oficialmente o retorno do técnico Fernando Seabra. Logo após o comunicado, o treinador, de 46 anos, concedeu uma entrevista coletiva direto da Toca da Raposa II. Em suas primeiras declarações após reassumir o cargo, Seabra detalhou os motivos que o levaram a aceitar o convite para voltar ao comando do clube.

“(Retorno) sobretudo por causa daquilo que foi construído aqui em termos metodológicos, em vínculos pessoais de construção coletiva, muitas vezes falei da emoção de reencontrar as pessoas e como elas me receberam. Você começa a ter dimensão daquilo que viveu e ajudou a construir. Estou feliz com tudo o que vamos construir. Vamos avançar mais para além da oportunidade de dirigir o profissional do Cruzeiro. É a oportunidade de participar da construção de algo que seja pioneiro no futebol nacional”

Fernando Seabra foi questionado sobre a constante troca de treinadores no intervalo de um ano, mas mostrou confiança na execução do seu trabalho e que se sente totalmente respaldado para dar sequência no projeto:

Me sinto absolutamente respaldado. O clube conhece meu trabalho no dia a dia, como pessoa. O clube está fazendo uma escolha com alta resolução. Uma das coisas que me motivaram ainda mais é encontrar essas pessoas aqui, que já tinha algo construído e que teria o privilégio de dar seguidamente nisso em um ambiente profissional, num alto nível de desafio e com a expectativa não só de viver algo interessante como pessoa e profissional, mas dar sequência nessa construção numa dimensão maior. Tenho meu compromisso profissional com o Cruzeiro, mas também entendo que tenhamos que buscar o desenvolvimento do jogo, colocar algo mais interessante, fazer o futebol brasileiro crescer.”

Confira outros trechos da coletiva:

Primeiro contato com os atletas e dois jogos na sequência como mandante:

Fui muito bem recebido por eles, a conversa foi muito curta. Temos que focar nas ações e colocar em operação aquilo que temos que fazer para secar essas feridas e ter foco daqui pra frente. Temos a oportunidade de dar a resposta pra torcida, virar essa página e pensar no que vamos construir. Tirar lições que são sempre importantes, mas seguir na caminhada, se fortalecer, para que um novo momento decisivo a gente atinja um nível de desempenho que chegue ao resultado esperado.”

Relação com os atletas das categorias de base:

O olhar tem que ser especial. A gente precisa formar bons jogadores e que consigam se comportar e ter as competências necessárias para não só jogar no profissional do Cruzeiro mas dar sequência no futebol que queremos construir no dia a dia. Eles serão olhados, as portas estão abertas, mas o espaço precisa ser conquistado. Ele precisa legitimar sua oportunidade pelos próprios companheiros que precisam enxergar que o garoto vai ajudar. Não adianta a gente fazer um plano de oportunidade sem mérito. Temos que construir o espaço para que eles se desenvolvam e atinjam o nível necessário dentro da equipe principal do Cruzeiro. Eles vão entrar quando tiverem resolvendo o problema. Se no final do ano passado o Japa teve oportunidade, é porque ele sabia fazer o que a gente queria, não só pra por na vitrine.”

O que planeja fazer de diferente em relação a escolhas do elenco:

O que preciso fazer primeiro é por em prática esse futebol que estamos construindo como Instituição. Alimentar todos os jogadores com essas informações e vivências, dar oportunidades e a partir daí avaliar. Eu entendo essa angústia do torcedor, mas uma vez que essa minha gestão técnica começa agora, preciso ser justo nas oportunidades de acordo com o que é mostrado no dia a dia e nos jogos, e a partir daí dar mais ou menos espaço pra alguém. Nesse momento chego na posição de liderança e o copo está vazio com todos. Essa é minha forma de iniciar o trabalho, não posso avaliar o jogador pelos estímulos com outros treinadores, para ser coerente preciso avaliar com aquilo que venho passando de conteúdo.”

Gestão de oportunidades do elenco:

“É muito importante perceber que existe um ambiente justo. Quem trouxe foi o Cruzeiro, todos vão ter oportunidade e serão tratados igual. Quando você faz um dia a dia que o jogador percebe que existe essa isonomia no treinamento, todos de forma igual, tudo fica muito mais simples pois todos sentem que estão sendo vistos. Independente de já estar aqui antes ou chegado depois, só dez iniciam o jogo. Uma boa parte vai ficar de fora, só cinco vão entrar, outra parte vai ficar de fora. Tenho que ter o compromisso que vou me preocupar com a evolução de todos. (…) Todos serão iguais e vai jogar aquele que acreditarmos que entregará pro momento o melhor resultado.”

Estilo de jogo que pretende impor:

“Um Cruzeiro impositivo, que todos vão ter função para atacar, participam da fase ofensiva desde o goleiro, todos terão função de defender, na fase defensiva desde o centroavante. Que vai buscar ser agressivo para criar chances de gol, que vai buscar recuperar a bola em situações favoráveis para gerar situação de gol. Defender os espaços para negar oportunidade de gol, estar organizado para fazer isso. Queremos fazer uma equipe que seja proativa, impositiva, que busca o resultado em todos os momentos do jogo em todas as suas fases. Vamos priorizar ser impositivo e agressivo, com discernimento para em momentos de vantagem ter controle de espaço e segurança.”

Durante o período de março de 2022 a janeiro de 2024, Seabra comandou a equipe Sub-20 do Cruzeiro, conquistando dois títulos do Campeonato Mineiro, uma Copa do Brasil da categoria e alcançando o vice-campeonato na última edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Em 2023, teve a oportunidade de liderar interinamente o time profissional ao lado do diretor técnico Paulo Autuori, registrando duas vitórias e cinco empates em sete jogos, evitando o rebaixamento do Cruzeiro para a Série B e garantindo uma vaga na atual edição da Copa Sul-Americana.

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