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Gestão de Sérgio Santos Rodrigues completa um ano; relembre alguns fatos

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FOTO: GUSTAVO ALEIXO / FLICKR / CRUZEIRO E.C.

Foi no dia 1º de junho que Sérgio Santos Rodrigues assumiu a cadeira de presidente executivo do Cruzeiro Esporte Clube. “Com três anos de atraso”, de acordo com o próprio presidente após os resultados da eleição realizada no final de maio, Sérgio chegou ao poder com apoio de grande parte da torcida, conselho e até mesmo de membros do Conselho Gestor, grupo responsável por assumir o clube após a renúncia do ex-presidente Wagner Pires de Sá.

Com o futebol paralisado em praticamente todo o mundo por conta da pandemia do novo coronavírus, Sérgio assumiu um clube que precisaria de resultados expressivos em três jogos para classificar às semifinais do Campeonato Mineiro – o que não aconteceu – e a iminência de uma Série B prestes a começar, com a equipe devendo 6 pontos por conta de uma punição da FIFA e com a necessidade de subir para honrar compromissos – o que também não aconteceu. 

Hoje, após um ano e um dia de seu mandato, poucas das promessas feitas à torcida foram cumpridas e outras benfeitorias foram implementadas. 

Dívidas, salários e situação financeira

A princípio, o pânico de novas punições da FIFA, que iam da perda de pontos no campeonato, impedimento de registro de atletas e até um possível rebaixamento compulsório para a série C, acabou. Sérgio optou por direcionar sua gestão ao pagamento dos processos que não cabiam mais nenhum tipo de recurso. 

Foram mais de R$30 milhões pagos e ou negociados, de acordo com o presidente. Mas, é preciso ressaltar que nem mesmo essa política adiantou, uma vez que o Cruzeiro acabou punido em novembro de 2020 e impedido de registrar atletas (transfer ban) por conta de uma dívida com o PSTC do Paraná, um processo decidido na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD).

Outra grande promessa da diretoria executiva era tentar arrumar as coisas de forma interna, dando um fim ao atraso de salários – tanto de funcionários do administrativo, quanto de jogadores – o que acabou não acontecendo até o momento. O Cruzeiro segue devendo partes das folhas salariais de meses do final de 2020 e não consegue manter o pagamento integral em dia. O atraso de salários é sentido por todos do clube e chegou até um ponto em que os jogadores se manifestaram, deixando de se concentrar para um jogo, alegando que não havia o devido diálogo com a diretoria.

A situação do clube segue preocupante. Os demonstrativos financeiros de 2020 mostram como o clube ainda vive uma calamidade nesse setor. O Cruzeiro teve o 2º pior déficit de sua história. A atual gestão até conseguiu mudar a situação de algumas dívidas fiscais, com um acordo realizado junto à PGFN, dando fim a uma sequência de execuções judiciais da União, mas não foi o bastante. O clube ainda é considerado insolvente pela auditoria e, para muitos casos, falta transparência na apresentação dos seus números – você pode conferir a matéria especial e a live realizada com um especialista na área clicando aqui.

Direção de futebol e planejamento

O campo foi algo que ficou devendo na atual gestão. Sem conseguir o acesso, trocas de comissão técnica e também da diretoria de futebol se tornaram frequentes neste período. Enderson Moreira, Ney Franco, Felipão e atualmente Felipe Conceição foram os técnicos que comandaram o time. Felipão, inclusive, chegou com o discurso de evitar um rebaixamento e saiu por desentendimentos com o presidente – que havia garantido esforços para montar um time competitivo, o que não aconteceu. 

Na direção de futebol, Ricardo Drubscky, Deivid e André Mazzuco estiveram à frente da pasta do futebol. Com formas bem diferentes de atuação, nenhum conseguiu implementar de forma duradoura suas filosofias de trabalho. José Carlos Brunoro também pode ser considerado relevante nessa questão, o dirigente ficou por dois meses e chegou a atuar no futebol, mas como consultor, a pedido do técnico Felipão. 

Atualmente, o Cruzeiro segue sem diretor de futebol. O clube busca opções no mercado e o nome de Rodrigo Pastana é, atualmente, o mais cotado para assumir o cargo – mesmo com uma grande rejeição por parte dos torcedores. 

Declarações polêmicas

Entre erros e acertos, a gestão de Sérgio Santos Rodrigues também se caracterizou por declarações polêmicas sobre assuntos de interesses do clube. Logo após sua eleição, em maio de 2020, Sérgio foi assertivo ao dizer: 

“Seremos implacáveis contra quem lesou o clube.”

Entretanto, até o momento, nenhum conselheiro remunerado na gestão anterior – o que fere o próprio estatuto do clube – foi expulso ou penalizado, mesmo que internamente. O caso destes conselheiros será levado à votação do próprio Conselho Deliberativo, o que gera revolta na torcida. Apesar disso, o Cruzeiro moveu processos contra dirigentes da antiga gestão, buscando ressarcimento pelos danos causados ao clube.

“Colocar o CPF na frente!”

Em uma entrevista coletiva, ainda em 2020, o presidente defendeu a permanência de figuras contestadas entre a torcida. Entre eles, Benecy Queiroz e Deivid. Na ocasião, o presidente afirmou que o ex-jogador e atual Diretor Técnico do Cruzeiro era uma pessoa importante por dar aval a vários negócios do clube. Deivid deixou o cargo de Diretor de Futebol pouco tempo depois, mas segue na Toca da Raposa II.

Reeleição e SAF

Apesar de ter assumido por seis meses do que seria a parte restante do mandato do ex-presidente Wagner Pires de Sá, na prática Sérgio Santos Rodrigues está em seu segundo mandato. Entre os pedidos da torcida – e outra das promessas de campanha – está a modernização do estatuto do Clube, para que seja mais transparente e democrático.

A tentativa de se votar um novo estatuto até existiu, mas foi barrada judicialmente a pedido de outros conselheiros. A discordância surgiu a partir do momento em que o estatuto apresentado não tinha grande abertura para a torcida e abria a Sérgio Santos Rodrigues a oportunidade de se reeleger e ter um terceiro mandato.

E por fim, mas não menos importante desse um ano, é o desejo da atual diretoria em transformar o clube em Sociedade Anônima do Futebol, modalidade prevista em um Projeto de Lei que aguarda ser votado no Senado Federal. O presidente e os demais executivos do clube não escondem seus desejos de transformar o Cruzeiro no que é popularmente conhecido como “clube-empresa”. O projeto segue sem data prevista para votação.