Com altos e baixos no Ceará, é preciso ajustar a expectativa em Rafael Sobis

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FOTO: FAUSTO FILHO / SITE OFICIAL / CEAERÁ SC

Rafael Sobis foi anunciado pelo Ceará em janeiro com status de grande contratação. O experiente atacante de 35 anos disputou a temporada de 2019 pelo Internacional, onde foi vice-campeão da Copa do Brasil e chegou ao Vozão livre no mercado. Sua passagem vitoriosa pelo Cruzeiro com dois títulos de Copa do Brasil nos anos anteriores contribuíram para que a expectativa do clube cearense fosse elevada em torno do atleta.

Em termos gerais, Sobis não correspondeu a expectativa. Esperando um artilheiro, a torcida presenciou um atacante mais envolvido na parte tática sendo uma peça associativa e de movimentação para que meias, pontas e laterais infiltrassem aproveitando o espaço gerado por ele no último terço do que um goleador. Em 41 jogos (28 como titular e 13 oportunidades não saiu do banco), foram oito gols marcados (três com a perna esquerda, três de cabeça e dois com a perna direita), média de 0,2 por jogo e nenhuma assistência. O estudante de jornalismo e blogueiro Gêra Lobo, que acompanha os times cearenses, comentou sobre a passagem do atacante pelo Vozão.

Há até uma certa divergência de opiniões, mas na minha ele foi bem. Atuou na maioria das vezes no time como uma “falsa referência”, saindo bem pelos lados e abrindo espaço mais para o Vina atacar e finalizar, mas também ficava as vezes na área. Achei que trouxe experiência e versatilidade ao time desde o início do ano, mas houveram algumas quedas naturais de rendimento (nada gigantesco). Acho que o grande problema nessa divergência de opiniões é que o torcedor esperava um artilheiro e matador, sendo que ele nunca foi disso.

Bem verdade, Rafael Sobis nunca foi um artilheiro ou um jogador de referência. Apesar da sua versatilidade – principalmente na reta final da carreira – atuando como um nove de mobilidade, o jogador sempre apareceu com mais destaque sendo um segundo atacante, atuando por trás de uma referência mais física, foi assim que viveu bom momento no Tigres-MX e também no Internacional e Fluminense. Seus anos com mais bolas na rede foram em 2005, com 25 gols marcados em 57 partidas pelo Colorado e em 2013, quando marcou 16 gols em 56 partidas pelo Fluminense. Nas suas três temporadas pelo Cruzeiro, seu ano mais artilheiro foi em 2017 com 13 tentos anotados em 50 partidas. O veterano também pode atuar pelos lados do campo, mas atualmente não possui a mesma explosão física e velocidade para dar a dinâmica necessária ao jogo, sendo útil na marcação pela sua boa noção tática, mas pouco efetivo nas transições e construções ofensivas. Em 2019, marcou 5 gols e deu 6 assistências quando foi esse atacante de mobilidade pelo meio (no geral foram 46 jogos (22 como titular), 6 gols e 9 assistências).

É pouco provável que Felipão utilize o jogador aberto no 4-2-3-1. Sobis pode ser útil atuando como essa falsa referência gerando espaços para infiltrações de Régis, William Pottker, Arthur Caíke e Aírton ou por trás do centroavante pelo meio. Sua experiência aliviando a pressão do jogo, cobrando do árbitro e sendo uma espécie de orientador aos mais jovens também é uma de suas virtudes. Aos 35 anos e com contrato até o fim de 2021, a memória da torcida ainda está fresca em relação a sua última passagem pelo Cruzeiro, que se encerrou no fim de 2018. Já funcionava como uma peça importante mais dentro do vestiário do que em campo. No entanto, por se tratar de Série B, pode ser útil em determinados contextos. Com a expectativa ajustada, evitam-se frustrações.

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