Livre no mercado, Cruzeiro encaminha acerto com Matheus Índio. Confira seu desempenho em Portugal

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FOTO: REPRODUÇÃO / IMAGO IMAGES

Mesmo impedido de registrar novos jogadores devido a punição da FIFA envolvendo a dívida com o Zorya FC, da Ucrânia, referente a compra de Willian Bigode, o Cruzeiro segue em busca de reforços. Livre no mercado após o fim do seu vínculo com o Estoril, de Portugal, o meia-atacante Matheus Índio, de 24 anos, já está em Belo Horizonte para realização de exames médicos na Toca da Raposa II e deve ser anunciado conforme antecipado pelo Globoesporte. O diretor técnico Deivid está a frente do negócio. Apesar de jovem, chama atenção que tenha entrado no radar já que suas quatro temporadas em Portugal não foram de destaque.

Com um elenco carente de peças que decidam jogos principalmente no ataque, é compreensível que a diretoria esteja atenta ao mercado. O retorno do centroavante Zé Eduardo, emprestado ao América-RN e que possui mais gols do que todos os atacantes do clube (veja aqui) no ano é um exemplo. Contudo, Matheus Índio em quatro temporadas em Portugal somou 73 partidas, marcou apenas cinco gols e deu 3 assistências. Tal rendimento realmente o qualifica como boa opção? Os critérios utilizados realmente preenchem o que o clube necessita para o momento ou não era mais viável recorrer a base apostando em jovens como Marco Antônio, Caio Rosa ou Vinicius Popó que, além de serem ativos do clube, evitariam maiores gastos em contratos com jogadores em baixa.

A recente contratação de Giovanni com 1 ano e meio de contrato, seu afastamento após sete partidas e baixo rendimento, reintegração (para não ficar pagando por um atleta encostado) é um exemplo de que nem sempre o de fora é solução. Matheus Pereira teve uma oportunidade e vem sendo o melhor jogador da equipe. Uma análise mais criteriosa feita pela diretoria teria evitado uma contratação que só gerou custos. A preocupação é o mesmo erro de avaliação seja repetido, afinal o histórico do meia não transmite confiança.

Trajetória 

Matheus Índio chegou ao Vasco com 11 anos de idade. Fez muito sucesso na base e era tratado como uma “joia” pelo clube cruz-maltino. Disputou o Sul-Americano e o Mundial Sub-17 de 2013 pela seleção brasileira. Em 2013, aos 17 anos, treinou por uma semana no Arsenal a convite do clube. O meia entrou na Justiça contra o Vasco pedindo rescisão devido a atraso de pagamentos e fechou com o Santos. Não jogou profissionalmente no Peixe e acabou emprestado a Penapolense, onde fez apenas duas partidas. Em 2015 acertou seu retorno ao Vasco com 19 anos para atuar no Sub-20 e, sem espaço no profissional, jogou apenas em seis oportunidades. Na temporada 16/17, acertou sua transferência em definitivo para o Estoril Praia, de Portugal.

Mapa de calor indicando seu posicionamento durante sua passagem por Estoril e Boavista. Fonte: Sofascore.

Seu início no clube português foi razoável. Se na base o jogador se destacava como um “camisa 10” atuando centralizado no meio-campo, no Estoril passou a jogar também pelas beiradas, preferencialmente na direita no ataque ou mais recuado na segunda linha. Esteve em 31 das 46 partidas realizadas (24 como titular) com quatro gols marcados e duas assistências. Teve 13 finalizações totais, (média de 0.5 por jogo) e 21 passes decisivos (média de 0.8 por jogo). Somou um total de 2085 minutos em campo e uma média de 6.49 no Sofascore. Sua equipe acabou em 10º lugar. Na temporada 17/18, jogou apenas 12 das 43 partidas do seu clube, três como titular, não marcou gol nem deu assistência. Teve uma média de 6.50 no Sofascore. Sua equipe acabou rebaixada na lanterna do campeonato. Em 18/19 foi emprestado ao Boavista onde atuou em 19 das 46 partidas oficiais, 16 como titular, marcou 1 gol e não deu assistências. Sua média no Sofascore foi de 6.62. Seu time ficou em 8º. De volta ao Estoril na temporada 19/20 disputando a Liga Pro (segunda divisão do país), também não conseguiu se sobressair. Atuou em apenas 11 dos 37 jogos do clube na temporada, 7 como titular, não marcou gols e deu uma assistência.

Em seis anos de carreira profissional o meia disputou 81 jogos e recebeu mais cartões amarelos (oito) do que gols marcados (cinco). A falta de intensidade do jogador durante às partidas justifica o fato do seu rendimento e minutagem terem caído a cada temporada, fazendo com que se tornasse apenas uma opção de banco. Nas últimas três temporadas foram 42 jogos disputados (2242 minutos, média de 53 minutos em campo por jogo) 1 gol marcado e 1 assistência. Credenciais que não justificam a aposta feita pelo Cruzeiro. O nível técnico baixo da segunda divisão portuguesa também é um alerta. Em 2018, o Cruzeiro repatriou o lateral-esquerdo Marcelo Hermes junto ao Benfica, na época com 23 anos, e que estava na equipe B disputando a Liga Pro. Seu bom início no Grêmio gerou alguma expectativa, porém às duas temporadas numa liga tão inferior tecnicamente prejudicam o desenvolvimento do atleta, que não conseguiu reproduzir no seu retorno ao Brasil o mesmo futebol do início da carreira.

Matheus Índio chega como uma incógnita e rodeado de incertezas. O futebol que apresentou na base do Vasco gerando tanta expectativa nunca foi repetido profissionalmente. Sua passagem por Portugal começou razoável, mas depois foi perdendo cada vez mais espaço. Livre no mercado demanda um custo baixo, porém não reúne fundamentos técnicos suficientes, nesse caso cabe a diretoria esclarecer o que motivou a contratação. Ainda é jovem e pode desenvolver seu futebol, mas é uma aposta de alto risco.

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